Uma das responsáveis pela Ação do Ministério Público Eleitoral do RN que pede a suspensão ou cassação do diploma da governadora eleita Fátima Bezerra (PT) e seu vice, Antenor Roberto (PC do B), a procuradora Cibele Benevides justificou em sua sustentação oral durante sessão do Tribunal Eleitoral do RN, que se “preocupou” com o fato da campanha de Fátima ter contratado a empresa Brasil de Todos Comunicação, que foi criada três dias antes de vencer o prazo para apresentação da prestação de contas, já durante a campanha, e recebeu R$ 1,9 milhão para produzir os programas de rádio e tv da então candidata.
“Me deixou muito incomodada a questão de pagar R$ 1 milhão e 900 mil reais a uma empresa criada no dia 21 de agosto de 2018…três dias depois que serviços ela pode ter prestado para merecer?”, questionou a procuradora.
Ainda de acordo com Cibele Benevides, um levantamento sobre a empresa Brasil de Todos, constata que a mesma não tem patrimônio, não tem sede própria em Natal e os sócios também não são do RN, o que a fez questionar qual o motivo da campanha de Fátima não ter optado por contratar uma empresa já tradicional no mercado.
“Eu me pergunto porque que não foi contratada uma empresa já tradicional no mercado? porque que não foram contratados sócios diretamente? ou as outras empresas? A empresa Plano B Marketing já prestou uma assessoria exitosa à Fátima Bezerra na campanha do Senado, porque não se contratou essa empresa já que ela prestou esses serviços de forma exitosa em 2014?” perguntou.
Cibele Benevides ainda elenca uma série de fatores que colocam em dúvidas a licitude na campanha de Fátima, como a prestação dos serviços não legitimam os valores elevados que foram pagos e a não apresentação de documentos fiscais que justifiquem a contratação da empresa com recursos públicos. Ela conclui a sustentação oral pedindo uma reflexão sobre a prestação de contas dos recursos públicos para financiamento de campanhas.
“Se a prestação de contas dos recursos públicos recebidos para financiar campanhas não for feita de uma forma clara e límpida qual é a garantia que a sociedade tem de que não se crie mecanismos para retirar dinheiro do fundo público para utilizar, por exemplo, comprando apoio político e cometendo irregularidades?” encerrou a procuradora.