A extinção do Ministério da Cultura (MinC) e sua fusão com o Ministério da Educação eclodiu negativamente em todo o país. Em Natal, a classe artística promete continuar se mobilizando virtualmente e presencialmente contra esta que foi uma das primeiras decisões do então presidente em exercício, Michel Temer.
O músico e produtor cultural Anderson Foca comentou que todo o temor da classe cultural em ter o MinC descontinuado caso o país fosse entregue a um governo “mais de direita” foi confirmado. “Era previsível e soa para a classe cultural como uma afronta direta. Todo país que se preze investe em cultura até porque o impacto econômico, social e educacional tem resultados muito claros. É uma data triste para a nação e cabe aos agentes culturais enfrentar esse retrocesso com arrojo, criatividade e alegria. Essas são as nossas armas”, disse.
Opinião semelhante, de resistência, também partiu do ator, dramaturgo e diretor da Casa da Ribeira, Henrique Fontes, atualmente em circulação pelo país através do projeto Palco Giratório (Sesc) com o espetáculo “Jacy”, coincidentemente de forte cunho político. “A extinção do MINC é uma declaração formal de retrocesso histórico proposto pelo governo golpista. O recado está dado, eles estão dizendo claramente que não querem fortalecer o pensamento criativo, as ações de pontos de cultura, os coletivos de ação continuada. Colocar a Cultura institucionalmente atrelada ao Ministério da Educação é negar que o segmento cultural tem cadeia produtiva e simbólica própria e é colocá-la novamente apenas como a cereja do bolo quando eles decidem promover a festa”, declarou.
Também em circulação pelo país com o espetáculo “Jacy”, a atriz Quitéria Kelly lembrou em entrevista que a produção foi financiada com verba do Governo Federal, através do edital Myriam Muniz, assim como costuma ser a realidade de muitos grupos que também estão em circulação pelo mesmo projeto, o Palco Giratório. “Foram tantas conquistas que, hoje, somos incapaz de vislumbrar algo de positivo sem o MINC.
Ainda havia muito o que melhorar, sim é verdade, mas o diálogo com os gestores sempre esteve aberto. Podíamos, e íamos, avançar mais na descentralização dos investimentos culturais, nas politicas de para a Diversidade, e tantos programas e projetos que vinham sendo discutidos com a comunidade artística de todo o país. Nossa perspectiva hoje é desoladora”, garantiu. “Nas viagens que temos feito pelo país temos encontrado muitos artistas que chegam pra conversar com a gente e relatam um verdadeiro pânico de tudo isso. As pessoas se encontram e se cumprimentam como se estivéssemos todos num grande velório. É triste. Um país sem cultura, sem arte, sem identidade”, complementou a atriz Quitéria Kelly.
Após muitos compartilharem hashtags como #retrocesso e #vaiterluta mediante a extinção do Ministério criado em 1985, foi possível observar também a forte adesão dos artistas potiguares a pelo menos duas petições online contrárias à extinção do Ministério.