Os mil vibradores oferecidos pelo sex shop da empresária Fernanda Lima, em Natal, foram distribuídos em poucas horas e deixaram um cadastro de 10,8 mil interessadas em adquirir o produto. Uma fila de mulheres da capital e da Região Metropolitana se formou na porta da loja da empreendedora, nesta segunda-feira (6), depois do anúncio da iniciativa da dela em doar os vibradores, com a justificativa de favorecer o autoconhecimento e desmistificar tabus que ainda permeiam o prazer feminino. A procura superou a disponibilidade, mas não chegou a surpreender Fernanda, que afirma que a demanda por produtos eróticos ainda é reprimida.
“Muitas mulheres querem adquirir um vibrador, mas acabam não comprando, seja porque o parceiro não quer, ou porque acredita que não funciona”, esclarece. A doação, nesse sentido, também surgiu com o propósito de comprovar a eficácia dos vibradores por meio da experiência das clientes, e, para aquelas que não conseguiram receber de graça, a empresária adianta que haverá uma promoção para a compra do produto.
No que se refere a liberdade sexual feminina, a Fernanda reconhece que trabalhos como os da empresa dela são essenciais. Isso porque o prazer feminino foi por muito tempo retirado das discussões, e o vibrador, em especial, cumpre um papel importante na vida de muitas mulheres. O motivo disso é o potencial do produto em colaborar no autoconhecimento e na segurança feminina em relações sexuais junto aos parceiros.
“Muitas vezes, as pessoas olham o vibrador como algo sem necessidade, pensam ‘ah, tenho meu parceiro, não preciso de vibrador’, mas precisa. O vibrador é para autoconhecimento, para você sentir prazer sozinha e depois levar isso para a relação. Então pensei em como fazer com que as mulheres usassem o vibrador para que elas mesmas divulgassem”, compartilha Fernanda Lima.
Os resultados da idealização da empresária não demoraram a surgir. Segundo ela, além da procura inicial pelos mil vibradores, a loja tem ganhado maior visibilidade, o que pode ser explicada tanto pela repercussão da iniciativa quanto pelo estímulo dado às pessoas que já tinham desejo de utilizar produtos eróticos e não conheciam uma loja dentro desse segmento.
“A gente vive em uma cultura machista. Então a maioria das pessoas acham que o prazer feminino é algo que não precisa ser falado e quando a gente traz essa temática e isso repercute na cidade, as pessoas começam a olhar o prazer feminino de outra forma”, finaliza.
Tribuna do Norte