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Lula: ‘Vou brigar até as últimas consequências’

Um dia depois de marcada a data de seu julgamento na segunda instância, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso para a militância, disse que quer ser inocentado para ser candidato à Presidência da República no ano que vem. Em nenhum momento, no entanto, demonstrou sinal de querer desistir de eventual candidatura. Afirmou, porém, que se provas forem apresentadas, não disputará a eleição. Lula foi condenado em primeira instância pelo juiz Sergio Moro no caso do tríplex do Guarujá a 9 anos e meio de prisão, mas recorreu. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) agendou para o dia 24 de janeiro a análise do recurso.

O ex-presidente, que vem fazendo uma caravana por vários estados numa espécie de pré-campanha, disse que seria uma “leviandade” brigar para ser candidato ao Palácio do Planalto, mas reafirmou sua intenção de concorrer. Caso o TRF-4 confirme a condenação imposta em primeira instância, o ex-presidente fica enquadrado na Lei da Ficha Limpa e só poderá concorrer se tiver um efeito suspensivo. O PT já manifestou a intenção de recorrer quantas vezes forem necessárias para garantir que o nome de Lula apareça nas urnas no ano que vem.

— Eu me preocupo, porque a única coisa que eu quero é deixar vocês tranquilos. Eu não quero aqui que vocês tenham um candidato a presidente que esteja escondido na sua candidatura porque ele é culpado e não quer ser preso e vai ser candidato. Eu não quero. Eu quero ser inocentando para poder ser candidato — disse Lula:

— A única coisa que não quero é ser condenado. Por isso vou brigar até as últimas consequências. Se apresentarem provas contra mim, eu virei numa reunião do PT para dizer que sou culpado e não vou ser candidato. Como eu estou consciente. Eles têm a chance. Eu só quero que eles me digam o que estão nos autos do processo — afirmou.

O discurso foi em um encontro com parlamentares do PT no Teatro dos Bancários, em Brasília. O evento estava inicialmente previsto para ocorrer às 19h, mas foi antecipado. O ex-presidente disse que fica muito “puto” quando a classe política não reage às acusações. Avisou que irá reagir, e convocou a militância para ajudar a defendê-lo das acusações.

— Fico muito puto quando a classe política não reage. Eu faço a minha resistência pelo PT. Quem de nós achar que vai sobreviver quieto, pode ficar quieto, que não vai sobreviver. Se a gente não rasgar aquele Powerpoint tem muita briga pela frente — disse, em referência à apresentação da força tarefa da operação Lava-Jato que apontou o ex-presidente como comandante do esquema de desvios da Petrobras.

AÇÃO POLÍTICA

Lula disse que o delegado “muitas vezes mentia” durante o seu processo. Segundo ele, a ação do Ministério Público e do Judiciário é mais política do que jurídica. Lula responde a nove processos. Foi condenado em um, e é réu em outros cinco.

— Havia uma ação política muito mais forte que jurídica. O que menos importava nesse processo era a prova — afirmou.

Ao condenar Lula, em 12 de julho, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Moro entendeu que o triplex foi propina, em forma de um presente, da OAS ao ex-presidente. Afirma que Lula ocultou sua propriedade. Entre as provas utilizadas no processo estão documentos sobre o triplex apreendidos em buscas no apartamento de Lula, laudo da Polícia Federal que mostra rasura em documento apresentado pela defesa, trocas de mensagens de executivos da OAS, além do fato de o GLOBO ter noticiado por duas vezes, em 2010 e 2014, informações sobre o triplex sem que o ex-presidente contestasse a propriedade que lhe era atribuída.

Lula encerrou sua fala no discurso dessa quarta-feira conclamando a todos a reagir de “cabeça erguida” e a responder às acusações de que é ladrão.

— Nesse momento, só temos uma saída: é enfrentar de cabeça erguida. Chamou de ladrão? Tem que respondeu na hora: Vossa excelência é a puta que o pariu — xingou.

Fonte: O Globo

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