Embaixadores de países ocidentais em Brasília estão preocupados com a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, em relação à guerra na Ucrânia, a qual pode prejudicar o diálogo do Brasil com a comunidade internacional e afastar o país dos líderes estrangeiros.
Chefes das principais representações diplomáticas já classificaram as falas de Lula como “irritantes”, “decepcionantes” e “infelizes”.
Em um ambiente global de divisão geopolítica, um embaixador europeu afirma que o espaço para o protagonismo do Brasil é menor do que em 2003 ou 2010. Ele acrescenta que é ilusório pensar que o Brasil pode manter uma relação equidistante do Ocidente e da China sem fazer escolhas. Em algum momento, o governo precisará escolher de que lado ficará mais próximo.
Os embaixadores têm criticado a postura recente de Lula, que, durante sua visita a Washington, não criticou a China, mas fez ataques aos Estados Unidos e insinuou que a Casa Branca prolonga intencionalmente o conflito na Ucrânia.
Embora a postura de Lula não prejudique o relacionamento econômico e comercial do Brasil com seus países, os embaixadores afirmam que ela dificulta o aprofundamento das relações e cria empecilhos na abertura de novas frentes de parcerias.
As críticas mais duras surgem quando o assunto gira em torno da aproximação de Lula e seus auxiliares com a Rússia. Um episódio mencionado é uma votação no Conselho de Segurança da ONU em março, na qual o Brasil votou favoravelmente à proposta de resolução da Rússia sobre o Nordstream, no Mar Báltico, que transporta gás russo para a Europa. O ato pró-Rússia foi criticado por embaixadores ocidentais.
A viagem discreta de Celso Amorim ao Kremlin e a passagem do chanceler russo Sergei Lavrov por Brasília geraram preocupações na comunidade internacional.
Blog Ismael Sousa