EM DEPOIMENTO POR VIDEOCONFERÊNCIA, LULA DIZ QUE NUNCA SOUBE DE NEGOCIATAS PARA O BRASIL GANHAR A CANDIDATURA PARA A RIO 2016
Com a mesma gravata colorida com as cores do Brasil utilizada quando o país foi escolhido sede da Olimpíada de 2016, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou pela primeira vez desde que foi preso em Curitiba. De lá, por videoconferência, ele prestou depoimento como testemunha de defesa do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, em ação penal que apura suposta compra de votos da Olimpíada Rio 2016.
A fala do ex-presidente durou cerca de 50 minutos. Especificamente sobre a denúncia, Lula minimizou. “Eu não sei qual é o critério para alguém que diz que foi trapaça (a escolha da Rio-2016). Esse senhor (procurador) não deve conhecer nada.”
Perguntado pelo Ministério Púbico se tinha se reunido com delegações e se havia a proposta de algum tipo de troca de apoio, Lula disse que não teve trocas, mas que participou de uma reunião com a União Africana, que representa 54 países daquele continente, e que pediu o apoio para a candidatura do Rio.
“Não tem troca. Brasil apoiar África era uma coisa natural. Viajei 34 vezes para África, abri 19 embaixadas na África. Isso dava aos africanos quase uma irmandade com o Brasil. Eu brigava para que continentes pobres tivessem direito de realizar Olimpíada”, garantiu.
De acordo com o Ministério Público Federal, teriam sido comprado votos de membros africanos do Comitê Olímpico Internacional. Um empresário ligado a Cabral teria pago R$ 2 milhões, com a promessa de ganhar contratos públicos – parte deles desviados para os bolsos do ex-governador. Cabral nega toda a denúncia.
Os procuradores afirmam que um dos votos comprados foi o de Lamine Diack, então presidente da Federação Internacional de Atletismo e, naquele momento, membro do COI. O dinheiro teria sido entregue ao filho dele, Papa Massata Diack. Lamine Diack, segundo o MPF, pode ter repassado parte dos valores para comprar mais votos.
G1