O que está acontecendo no país não é algo contra a presidente, é contra a democracia”, avalia Chico César do outro lado da linha, que hoje desembarca em Natal para apresentar ao público seu primeiro disco de inéditas em oito anos, mas sabendo que principalmente agora, após o tempo dedicado à gestão pública da cultura paraibana, tem a imagem refletida para além da música, com forte posicionamento político.
“Todo mundo sabe que sou contra o impeachment, e não tem nem porque pensar o contrário. Não é contra a presidente, é contra a democracia e a conquista de grupos excluídos durante décadas, mas que nos três últimos governos passaram por forte processo de inclusão. Falo dos negros, índios, do LGBT, das mulheres e dos estudantes pobres que conseguiram acesso às universidades. Só não enxerga isso quem não quer”, complementa.
Assumindo inicialmente a presidência da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), em 2009, e logo após a fundação de uma Secretaria de Cultura no Estado da Paraíba, em 2011, o músico garante que o tempo dedicado à gestão pública não lhe coibiu de forma alguma a continuar se posicionando politicamente. “Pelo contrário. Essa passagem me deu uma função, um poder para me posicionar e assim fiz”, diz.
O convite também fez com que Chico retornasse ao seu local de origem, a Paraíba, e assim ficasse mais próximo de seus pais, que por sua vez escolheram a capital potiguar como novo lar até falecerem recentemente. “Foi um período muito positivo, tanto porque pude contribuir para a cultura do meu Estado”, comenta.
O título do novo do novo disco, “Estado de Poesia”, selecionado pelo edital nacional Natura Musical, seu primeiro disco de inéditas em oito anos, reflete uma necessidade sentida durante o mesmo período a frente do cargo ‘burocrático’. “Acentuou essa necessidade de poesia”, explica sobre as novas músicas criadas durante a época, mas que só agora chegam aos ouvidos do público. Entre as novas faixas, Chico destaca a última do registro, “Reis do Agronegócio”, mais uma com forte teor político, praticamente uma carta aberta aos “pinóquios véios” do interior nordestino.
“Foi um período em que viajei muito pelas cidades do interior, e me envolvi nesta atmosfera de subjetividade. A música traz uma mensagem potente”, justifica: “Ó donos do agrobiz/ Ó reis do agronegócio/ Ó produtores de alimento com veneno/ Vocês que aumentam todo ano sua posse/ E que poluem cada palmo de terreno/ (…)”.
FESTIVAL MÚSICA E PAZ
Quando? Hoje (Sábado – 07)
Que horas? A partir das 19h
Onde? Largo da Rua Chile (Ribeira)
PROGRAME-SE
19h Abertura dos Portões – DJ
20h30 Rastafeeling
21h30 Marinna & Faya Soul
22h30 Rosa de Pedra
23h30 Chico César
01h Júlio Lima & Banda
Fonte: Novo Jornal