Entre as diversas ações, está a elaboração de um teste com a potencialidade de realizar o diagnóstico com mais eficácia e menos custo, facilitando sua utilização na rede básica de saúde e totalmente integrado com o ecossistema tecnológico do Ministério da Saúde. O teste é resultado de mais uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN) em parceria com a Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, Estados Unidos, e a Universidade de Coimbra, em Portugal.
O novo teste para diagnóstico da sífilis também poderá ser utilizado para detecção de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), como o HIV. Outro aspecto importante diz respeito ao custo-benefício em relação aos métodos tradicionais, facilitando a sua utilização na atenção básica.
De acordo com o professor Lúcio Gama, pesquisador da Universidade Johns Hopkins, os testes diagnósticos atuais para sífilis dependem de reagentes e máquinas que são caros e devem permanecer em um laboratório. “A vantagem desse novo método é a portabilidade e a possibilidade de ser usado para o diagnóstico de outras enfermidades”, afirmou, ressaltando que o método utilizado na elaboração do teste tem a capacidade de revolucionar os testes de detecção tanto de patógenos como de anticorpos para várias doenças.
Contribuições
Muito mais do que uma pesquisa científica, o novo teste para sífilis é um avanço em termos de políticas públicas para o Brasil. De acordo o diretor executivo do LAIS, professor Ricardo Valentim, essa nova metodologia de testagem é um marco importante na qualificação do diagnóstico dessa infecção sexualmente transmissível não só no Brasil, mas no mundo, uma vez que os métodos de triagem para sífilis ainda são insuficientes. “A falta de testes gera vários problemas para o rastreamento, para o cuidado, para a eliminação da transmissão vertical da sífilis, quando a mãe transmite a IST para o bebê durante a gestação ou na hora do parto”, explicou o diretor do LAIS.
Outra contribuição significativa assinalada por Valentim é a qualificação do diagnóstico, que traz um resultado mais apurado. “Ao ser incorporado ao SUS, esse teste será disponibilizado prioritariamente na atenção primária à saúde, facilitando a integração da atenção primária com a vigilância em saúde, fator preponderante para eliminar a sífilis congênita no Brasil”.
Valentim ainda ressaltou outra contribuição importante relacionada à gestão dos casos. O novo teste permite uma interoperabilidade com o sistema de informação de saúde existente no Ministério da Saúde. Assim, o Ministério e as secretarias estaduais e municipais de saúde poderão ter os resultados desses testes em tempo real. “Os dados estarão vinculados aos prontuários dos pacientes. Isso irá melhorar todo o acompanhamento e a gestão dos casos dos pacientes. O teste permite aplicar o conceito de acompanhamento de segmento, ou seja, olhar para todo o tratamento com a proposta de monitorar o tratamento, bem como a evolução do quadro clínico dos pacientes com relação à sífilis – isso representa um avanço enorme para o Brasil”.
Parceria
Para o desenvolvimento do teste, o LAIS contou com parcerias importantes. Uma delas foi a Universidade Johns Hopkins, instituição norte-americana com sua qualidade reconhecida internacionalmente e com a Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (Abimo).