
Juliana Garcia dos Santos, de 35 anos, falou pela primeira vez sobre a tentativa de feminicídio que sofreu dentro de um elevador em Natal, no último dia 26 de julho. A agressão brutal, registrada por câmeras de segurança, teve repercussão nacional. Em entrevista ao jornalista Roberto Cabrini, exibida no Domingo Espetacular deste domingo (3), Juliana relatou como tudo começou naquele dia e compartilhou o que viveu nos segundos que quase lhe tiraram a vida.
“Ele chegou do 16º até o térreo me agredindo”, disse, ao relembrar o momento em que foi atingida por 61 socos em apenas 36 segundos, sem nenhuma chance de defesa.
Juliana, promotora de vendas, vive em Natal desde a infância. Carioca de nascimento, ela define como gostaria de ser lembrada: “Mulher livre, cheia de sonhos, de ideais e que preserva muito pela sua liberdade.”
A entrevista revelou que o relacionamento com Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29 anos, durou dois anos e foi marcado por episódios de ciúme e controle. Segundo Juliana, o comportamento dele piorava nos fins de semana, quando havia consumo excessivo de álcool.
No dia da agressão, tudo começou ainda na área da piscina do condomínio onde os dois estavam. Juliana contou que Igor pediu que ela enviasse uma mensagem a um amigo e, ao ver a resposta, se irritou.
Ele acusou a namorada de traição e exigiu mostrar o conteúdo da conversa para um terceiro amigo. Diante da recusa de Juliana, ele arremessou o celular dela na piscina — o terceiro aparelho que ele teria destruído.
Juliana, então, subiu para o prédio e ficou sentada por um tempo tentando se acalmar. Quando decidiu subir, entrou no elevador sozinha.
Ao chegar no 16º andar, Igor surgiu e impediu que a porta do elevador se fechasse e ela voltasse ao térreo.
“Ele dizia: ‘saia do elevador, venha para cá, vamos conversar’. Eu falei para ele que se fizesse alguma coisa a câmera ia pegar.”
Juliana tentou alertar a portaria gesticulando para a câmera, já que o elevador era monitorado. Mas, mesmo assim, as agressões começaram.
“Aí ele disse: ‘então você vai morrer’”, relatou.
As imagens mostram Juliana saindo do elevador, ensanguentada, no térreo. Ela conseguiu resistir.
“O que vem em mente é que eu resisti. Ele falhou no plano dele.”
Igor foi preso em flagrante por tentativa de feminicídio e teve a prisão convertida em preventiva. Juliana passou por uma cirurgia de reconstrução facial devido às múltiplas fraturas causadas pelas agressões.
Mesmo ainda em recuperação, ela decidiu falar publicamente sobre o caso.
“Eu não quero que futuramente tenham registros meus, além dos que já têm. Mas não posso não mostrar nada do que aconteceu.”
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