O médium João de Deus, suspeito de abusos sexuais durante atendimentos espirituais, está recolhido em uma chácara de Anápolis, a 55 km de Goiânia. De acordo com Chico Lobo, administrador da Casa Dom Inácio de Loyola, onde João realiza atendimentos, o religioso tem tido crises de hipertensão desde quarta-feira (12), mas está sendo medicado. O Ministério Público pediu a prisão do médium. Ele nega as acusações.
“Ele [João de Deus] está recolhido e medicado. Recolhido, porque acabou passando mal ontem quando chegou na Casa [Dom Inácio de Loyola]. E medicado por causa dos picos de pressão que tem tido, mas tudo sob controle, tomando remédios e sem riscos de algo grave. Nós precisamos saber quais serão os andamentos da Justiça em relação a esta situação e estamos acompanhando tudo”, disse o administrador.
A médium voluntária Eliana Pigatto disse que frequenta a Casa Dom Inácio de Loyola há oito anos, inclusive, levando as duas filhas. Neste período, afirma que nunca viu nada que desabonasse a conduta de João de Deus. Ela contou ainda que o médium está “abalado”, mas que o local seguirá funcionando independente de sua presença.
“As pessoas têm que entender que existe um tripé na Casa de Dom Inácio de Loyola: a casa, o médium incorporado e o homem João. O homem João é como nós, tem a dualidade dele, é humano e está em fase de evolução. Então, obviamente que ele está abalado. Quem que não se abala com julgamento? Eu já julguei e fui julgada”, afirma.
Eliana destacou ainda que as denúncias precisam ser investigadas pela Justiça, mas que qualquer que seja o resultado da apuração, o legado de João de Deus não será apagado.
“A casa não vai deixar de ser a casa de Dom Inácio, o médium João não vai invalidar 70 anos de missão. Tem que ser averiguado [as denúncias], está aí na mão da Justiça, está sendo julgado e que Deus julgue acima de tudo”, opina.
Questionada sobre uma possível queda no movimento na Casa após as denúncias virem à tona, a voluntária disse que a quantidade de pessoas que procuraram o local foi até maior do que ela esperava.
“Ontem [quarta-feira, 12], achei que ia ter umas 800 pessoas e a contagem foi de 1,5 mil. Hoje [quinta-feira, 13], está em 1,3 mil. Em dias de passagens caras, época de final de ano, a casa até está cheia”, destaca.
O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) protocolou, no fim da tarde de quarta-feira (12), o pedido de prisão preventiva de João de Deus, após a força-tarefa criada pelo órgão receber mais de 250 denúncias de supostas vítimas do médium.
O pedido deve ser analisado pelo juiz Fernando Chacha, que é responsável pela comarca de Abadiânia. Advogado de João de Deus, Alberto Toron disse que ainda não foi comunicado oficialmente sobre o pedido e que seu cliente segue à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos.
“Eu fui informado apenas pela imprensa, não recebi qualquer comunicação oficial, não conheço o teor do suposto pedido e, portanto, a única coisa que posso dizer é que o João de Deus voltou para Abadiânia e está à disposição da Justiça, como sempre esteve. Não me parece que haja qualquer necessidade da decretação da prisão preventiva. Por hora, é tudo que eu posso dizer”, afirmou.
G1 GO