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Joanna Maranhão presta depoimento após ofensas na internet

 'NÃO TENHO RAIVA', DIZ JOANNA MARANHÃO AO PRESTAR DEPOIMENTO SOBRE OFENSAS NAS REDES.(FOTO: O GLOBO)


‘NÃO TENHO RAIVA’, DIZ JOANNA MARANHÃO AO PRESTAR DEPOIMENTO SOBRE OFENSAS NAS REDES.(FOTO: O GLOBO)

Após sofrer uma onda de ataques virtuais, a nadadora Joanna Maranhão foi à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), no Rio, nesta sexta-feira, por volta das 12h, para prestar queixa sobre o incidente.

Eliminada da prova dos 200m borboleta nos Jogos, a atleta foi alvo de comentários odiosos nas redes sociais. Joanna já vinha sendo atingida por postagens do tipo, mas o aumento considerável do volume de comentários contra ela fez com que, enfim, a nadadora procurasse a polícia. Ela promete processar a todos que desferiram comentários que possam ser configurados como criminosos.

A nadadora relembrou casos similares ao seu, como os de Preta Gil, Taís Araújo e Letícia Sabatella. E também afirmou que não está com raiva de quem a ofendeu.

— Passei por uma situação pesada na minha infância. E demorei muito a entender que enquanto eu estivesse tendo rancor de quem fez aquilo comigo, eu não estaria ajudando ninguém. Não conseguiria combater a pedofilia daquela forma. O que ganho tendo raiva? Nada. Ela é um veneno que só eu bebo — afirmou a nadadora.

Joanna chamou de “covardia” o ato cometido por alguns internautas, que resgataram alguns posts polêmicos da atleta, datados de cinco anos atrás, segundo ela “tirando-os de contexto”.

— Meu erro foi fazer uma brincadeira. Peço desculpas à Ariadna e a todas as pessoas LGBT. Sou uma pessoa que defende todas as causas da classe, vocês sabem disso — disse Joanna, mencionando a ex-BBB, alvo de um dos controversos posts antigos da nadadora.

Joanna foi recebida pela delegada Daniela Terra na Cidade da Polícia.

— Não sou a primeira nem serei a última a passar por isso. Tem coisas que não escolhemos passar. No momento em que optei por me posicionar politicamente, por ser uma pessoa pública, me preparei para questionamentos, não para o que vem acontecendo. Quando o questionamento parte para a agressão, para a violência, é preciso ir à Justiça, que é o que estamos fazendo — declarou Joanna, antes de prestar seu depoimento.

Ao lado de Joanna, o advogado Fabiano Machado comentou sobre os próximos passos que a atleta pretende dar judicialmente e afirmou: “Essa cultura de intolerância e impunidade na internet precisa acabar de uma vez por todas.”

— A internet é um espaço público e as pessoas precisam entender que covardia, que insultos protegidos pelo anonimato não podem acontecer. Viemos pedir auxílio da polícia justamente para identificar os agressores. Uma vez identificados, vamos entrar com medidas criminais e cíveis de reparação de dano moral — declarou Fabiano, revelando que possui todos prints de todos os comentários ofensivos, que chegam a mais de 250.

“É deste tipo de energia que preciso”, diz Joanna sobre apoio dos fãs

Após prestar queixa, Joanna voltou a conversar com a imprensa. Ao ser questionada sobre a possibilidade dos ataques terem afetado sua performance na Olimpíada, Joanna prefere não utilizar o incidente como “desculpa” para seu insucesso, mas pondera sobre o poder dos insultos sobre seu psicológico.

— Não uso isso como justificativa para eu ter nadado mal, mas os comentários sobre estupro e a tentativa de desqualificar as pautas progressistas que defendo me deixaram bastante triste. Questionar minha performance, sinceramente, não ligo. Sei do valor que tenho enquanto atleta — conta Joanna, pontuando sobre o carinho que vem recebendo não somente pelos meios virtuais, mas nas ruas — Pedi desculpa pela minha performance a uma pessoa que me abordou e ela me retrucou: ‘Como assim, desculpa? Você deu o seu máximo’. As pessoas compreendem o que é estar entre as melhores do mundo. E é deste tipo de energia que preciso — completou.

Sobre a crença na punição aos internautas que a ofenderam, Joanna fez questão de reafirmar que não está procurando a polícia e Justiça por vingança.

— Acredito que serão punidos, mas não existe algum tipo de rancor. É uma questão de Justiça mesmo. Não quero que as pessoas sejam inibidas a se posicionar politicamente por que existe um grupo de pessoas que acredita que a internet é um terreno impune, porque não é — ressaltou a nadadora.

Sobre uma suposta demora na decisão de registrar junto à polícia sua queixa, Joanna afirmou que não queria “misturar as coisas”, referindo-se ao período que estava

— Enquanto atleta do COB, eu tinha que esperar até o dia 11, quando saí da Vila. Não queria misturar as coisas, chegar aqui com o uniforme da delegação. Fui agredida enquanto atleta, mas não porque estavam questionando meu nível atlético, mas pelo meu posicionamento político — finalizou Maranhão.

“Alguns autores de comentários já foram identificados”, diz delegada

Questionada sobre a sequência do caso, a delegada Daniela Terra revelou que já há suspeitos identificados.

— Foi instaurado inquérito policial para apurar todas as postagens em conjunto, mas cada autor responderá separadamente por sua respectiva conduta. Alguns dos autores, aliás, já foram identificados — diz a delegada.

De acordo com Daniela, as ofensas podem ser tipificadas de três formas neste incidente com Joanna Maranhão: injúria, difamação e ameaça.

“O ódio de vocês será revertido”, postou Joanna no Facebook

Em redes sociais, Joanna foi chamada de “perdedora” e também foi condenada por suas convicções políticas. Os ataques começaram no último sábado, quando a nadadora postou no Facebook uma mensagem de agradecimento à torcida depois de fazer sua estreia na Olimpíada.

Segundo Joanna, a advogada dela já registrou os nomes e dados pessoais de quem a ofendeu e vai denunciá-los já na próxima semana.

“A todos os perfis verdadeiros que vieram até aqui denegrir, ofender e xingar: muito obrigada! Fiquei em silêncio permitindo que vocês se sentissem à vontade enquanto o advogado coletava nome, dados e CPF de cada um. A partir da próxima semana, estaremos entrando com ação na Justiça, com todas as provas (inclusive cobertura da imprensa). Trata-se de uma causa ganha e com esse dinheiro estaremos potencializando as ações da ONG Infância Livre.Sendo assim: muito obrigada! O ódio de vocês será revertido para uma boa causa; combate à pedofilia”, escreveu a nadadora em seu perfil no Facebook.

Extra

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