Os regimes previdenciários no Brasil, salvo raras exceções, estão reconhecidamente falidos em todas as esferas públicas: do federal aos estaduais e municipais. Implantadas com o objetivo de estancar a sangria de dinheiro público provocada pelos atuais regimes, as reformas nos sistemas públicos de aposentadoria via de regra mereceram a oposição do PT e de seus filiados. A não ser quando o próprio partido foi o autor da proposta, como acontece agora no Rio Grande do Norte.
Tanto as propostas apresentadas em âmbito federal quanto a recentemente apreciada pela Câmara Municipal de Natal foram aprovadas com votos contrários de parlamentares petistas. Em Brasília, ano passado, por exemplo, o senador Jean Paul Prates fez ampla campanha e votou sistematicamente contra a Reforma da Previdência proposta pelo governo federal. Da mesma forma, posicionaram-se os dois vereadores do PT no Legislativo natalense, Divaneide Basílio e Fernando Lucena, em relação às mudanças do sistema no plano municipal.
Agora, no entanto, o Governo do Estado administrado por Fátima Bezerra, uma das principais lideranças do PT potiguar, defende sua própria Reforma da Previdência e articulou sua aprovação em primeiro turno nesta quinta-feira (24), na Assembleia Legislativa. Uma proposta que, segundo deputados oposicionistas, é ainda mais dura para os servidores estaduais que a aprovada pelo Congresso Nacional e que serviu de modelo para a de Natal.
“A Reforma da Previdência é um verdadeiro ataque aos direitos da classe trabalhadora. Além de não combater privilégios, diminui a renda dos mais pobres, dificulta o acesso à aposentadoria e aprofunda desigualdades sociais”, chegou a declarar o senador Jean Paul Prates, após a aprovação da nova lei previdenciária no Senado, ano passado. “É uma crueldade com a população”, emendou ele, que é candidato do PT à Prefeitura de Natal na eleição deste ano.
Ainda não se viu uma palavra pública de Jean Paul Prates sobre a reforma proposta pela correligionária Fátima Bezerra. Porém, a posição dos dois parlamentares petistas na Assembleia, Francisco do PT e Isolda Dantas, não deixa dúvidas de que a orientação é aprovar medidas semelhantes às que antes eram rechaçadas por membros do partido. Nesta quinta, ambos os deputados do PT votaram favoravelmente à reforma elaborada pelo governo estadual, em primeiro turno.
Em suma, o que se vê em matéria de Reforma da Previdência é os representantes do PT se portando de maneira politicamente contraditória e conveniente, no melhor estilo “faça o que digo, mas não faça o que eu faço”. Típico de postura que é vista com crescente repúdio pela população. E que se reflete na rejeição popular cada vez maior ao Partido dos Trabalhadores e a seus membros.