Comerciantes do Alecrim, um dos principais polos econômicos de Natal, apontam queda no faturamento e transtornos com as obras de reparação e restauro na Ponte Presidente Costa e Silva, a Ponte de Igapó. Para empresários e trabalhadores, os serviços afetam a chegada de colaboradores e eventuais clientes. O faturamento teve queda de pelo menos 30% a 40% com as obras, segundo estimativas da Associação dos Empresários do Bairro do Alecrim (Aeba).
Para empresários e trabalhadores, com apenas um dos lados da ponte funcionando, o fluxo de veículos e transporte público é reduzido de maneira significativa, o que faz com que potenciais clientes acabem indo para outros mercados.
“Sofremos em torno de 30 a 40% com as interdições em todos os momentos, somando tudo. E esse número tende a crescer em 2024, se não tiver agilidade na obra. Os prejuízos impactam tanto no fluxo de cliente quanto nas vendas no atacado e varejo”, aponta Matheus Feitosa, presidente da entidade, que cobra uma maior divulgação acerca de conclusão, cronograma e andamento de etapas sobre a obra.
“O grande fluxo de quem vinha da zona Norte para o Alecrim utiliza a ponte velha. E ir pela ponte nova encarece a viagem. O Alecrim hoje fecha às 17h porque se o funcionário sai aqui às 18h ele chegará em casa às 22h. Torna inviável para ele. O Alecrim teve que abrir mão, fechando uma hora mais cedo. Isso já afeta vendas. Quando você diminui, quer dizer que pode se abrir mão de um funcionário, porque sua escala diminui. Provavelmente empresários precisaram demitir. Tudo tem consequência. A queda de funcionários tem diminuição de circulação de dinheiro no mercado. É uma cadeia”, acrescenta Derneval Junior, empresário do Alecrim.
Trabalhadores do Alecrim também são impactados com a obra e acabam correndo riscos de se atrasarem para o expediente. Para o vendedor Walter Silva, 18 anos, morador de Extremoz, a situação se torna complicada quando ele perde o trem que o traz da sua casa para o Alecrim. “Quando perco o trem preciso vir de ônibus. Pego a ponte de Igapó, um trânsito grande”, cita.
Nas últimas semanas, a Prefeitura de Natal chegou a questionar o canteiro de obras do Dnit na Justiça Federal. Na ação, o Município alegou que a interdição está afetando diretamente a rotina dos 350 mil habitantes da Zona Norte da capital, bem como o comércio circunvizinho e de outras áreas, como a do Bairro do Alecrim, impactando diariamente trabalhadores e consumidores que se deslocam de uma região a outra da cidade. A região já sofria meses antes com a interdição da Avenida Felizardo Moura, que estava em obras de readequação, feitas pela Prefeitura.
Em nota, o DNIT disse que as obras na Ponte Costa e Silva, iniciadas em setembro de 2023, estão dentro do cronograma previsto. “Não há atrasos significativos, e o prazo inicial de 18 meses permanece mantido. Atualmente, 61 trabalhadores estão empenhados na construção, com horário de trabalho das 8h às 12h e das 14h às 18h de segunda a sexta-feira, e aos sábados das 8h às 12h”, disse o órgão.
“A respeito da liberação das faixas, tendo em vista o processo sobre o assunto, é necessário aguardar pela decisão da Justiça a respeito. Importante ressaltar que o Departamento apresentou as justificativas técnicas que embasaram a execução da obra como está sendo realizada, de modo que possa cumprir o cronograma proposto e entregar, o quanto antes, a ponte totalmente recuperada e segura aos usuários da rodovia”, acrescentou.
Tribuna do Norte