O acelerado rebaixamento do nível da água da Lagoa do Bonfim, no município de Nísia Floresta, para 49% da sua capacidade preocupa. O fato, segundo perícia apresentada ao Ministério Público do Estado (MPE), vem sendo provocado pela retirada clandestina ao longo do sistema adutor Monsenhor Expedito, que abastece 30 municípios da região Trairi e Potengi.
Segundo Marcos Lopes, presidente da Associação Amigos da Lagoa do Bonfim, a complexa estrutura de transposição de bacias em adutores intermunicipais dificulta o gerenciamento e a fiscalização das mesmas, onde está a origem do problema. “Se nada for feito com relação aos desperdícios e furtos, teremos prejuízo para o turismo e o desabastecimento de milhares de famílias”, alerta ele.
O suprimento para a Adutora Monsenhor Expedito, que tem 200 quilômetros de extensão, é realizado a partir da tomada de água diretamente da Lagoa do Bonfim, de poços em suas proximidades e da captação do Riacho Boa Cicca. A adutora possui uma variação de altura de elevação da água de aproximadamente 500 metros e abastece mais de 300 comunidades.
Em visita recente ao local, após receber denúncias, o deputado estadual Hermano Morais (PSB) se prontificou a levar o tema para debate na Assembleia legislativa, que foi agendado para o dia 30 de março. “Fomos conferir a situação in loco e realmente está muito difícil. Não podemos ignorar esse problema ou em poucos anos, a Lagoa do Bonfim não existirá nem para o turismo nem para suprir a falta d’água no interior do Estado”, disse o parlamentar.
Hermano levou um grupo de especialistas para analisar o caso e para acessar a perícia encomendada por moradores e entregue ao Ministério Público. No grupo, está o engenheiro sanitarista Sérgio Pinheiro, que explica: “o fato de existirem ações de violação do sistema faz com que localidades ‘fim de linha’ e de maior altitude sejam prejudicadas pelo fornecimento. Ele cita como exemplo os municípios de Monte das Gameleiras e Serra de São Bento, que hoje dependem economicamente da atividade turística.
O agravamento da seca na Lagoa do Bonfim e a eminente falta d’água nos municípios do Trairi e do Potengi reforça, segundo Hermano, a necessidade da tomada urgente de medidas. Para ele, é preciso alinhar um conjunto de ações do Poder Público, de forma transparente e coletiva, visando a solucionar o problema, que ameaça não só o Bonfim, mas também as localidades que dependem da sua água.