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Inflação oficial perde força em junho

OS PREÇOS DE ALIMENTOS E BEBIDAS AVANÇARAM 0,71%, OS PRODUTOS NÃO ALIMENTÍCIOS TIVERAM ALTA DE 0,22%

OS PREÇOS DE ALIMENTOS E BEBIDAS AVANÇARAM 0,71%, OS PRODUTOS NÃO ALIMENTÍCIOS TIVERAM ALTA DE 0,22%

A inflação oficial brasileira, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,35% em junho, informou nesta sexta-feira o IBGE. É o menor resultado mensal desde agosto passado. Em maio, a taxa tinha sido de 0,78%. No primeiro semestre do ano, a expansão é de 4,42%. Já o resultado acumulado nos doze meses encerrados em junho ficou em 8,84% — primeira vez que fica abaixo de 9% desde junho de 2015.

O mês de junho trouxe forte desaceleração das taxas de inflação. O resultado de 0,35% foi menos da metade dos 0,78% de maio. E a inflação nos primeiros seis meses do ano, de 4,42%, ficou bem abaixo da taxa registrada em igual período de 2015, de 6,17%.

A expectativa dos economistas era de que a inflação em junho fosse de 0,37%, mas as estimativas variavam entre 0,16% e 0,65%. A previsão para a taxa acumulada em doze meses, por sua vez, era de 8,87%, com números entre 8,71% e 9,06%.

Metade da alta do mês veio do grupo de alimentos e bebidas, com impacto de 0,18 ponto percentual. Os preços do grupo subiram 0,71%. Sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE mostraram desaceleração das taxas na passagem entre maio e junho.

— A inflação teve recuo na taxa de crescimento. Os preços continuaram crescendo, mas menos que no mês de maio. A inflação ficou em 0,35%, menos da metade da taxa de 0,78% de maio — afirmou Eulina Nunes, coordenadora dos índices de preços do IBGE.

Ela destacou que a desaceleração dos preços administrados teve papel importante no resultado de junho. Esses itens subiram 0,24% no mês, taxa bem inferior à de 1,40% de maio.

— O que colaborou especialmente no mês de junho foi o desempenho dos preços administrados. Os alimentos subiram no mesmo nível, há uma insistência nos preços de alimentos, mas os preços administrados já cederam mais — disse.

FEIJÃO VOLTA A SER VILÃO

Enquanto os preços de alimentos e bebidas avançaram 0,71%, os produtos não alimentícios tiveram alta de 0,22%. Entre os alimentos, os itens com alta mais acentuada em junho foram o feijão-carioca (41,78%), feijão-mulatinho (34,15%) e leite longa vida (10,16%). Mas alguns itens também registraram deflação, como foi o caso de cenoura (-23,72%), cebola (-17,78%) e açaí (-12,68%).

Apenas dois alimentos, o feijão-carioca e o leite longa vida, foram responsáveis por 60% do IPCA do mês de junho, com impacto conjunto de 0,21 ponto percentual.

Já os preços do grupo de transportes registraram deflação de 0,53% em junho. As passagens aéreas tiveram deflação de 4,56% em junho.

A inflação de serviços ficou em 0,33% em junho, após alta de 0,37% em maio. Em doze meses, o resultado acumulado ficou em 7,02%, abaixo dos 7,52% em maio. A taxa se distancia assim de meses anteriores, quando ficou acima de 8%.

No grupo, se destacam as altas de alimentação fora do domicílio (0,71%), aluguel residencial (0,58%), condomínio (0,74%) e mudança (0.85%).

ALIMENTOS E DEMANDA

Eulina lembrou que os preços de alimentos estão sendo muito afetados por causa de problemas climáticos. E destacou a previsão de uma safra quase 10% menor em 2016:

— Em geral, na metade do ano, os preços de alimentos tendem a recuar, mas isso depende do clima. Este ano, algumas lavouras foram muito prejudicadas por seca no Nordeste e Centro-Oeste e excesso de chuva no Sul. A estimativa que foi divulgada ontem de 8,4% de redução da safra em 2016 é muito importante, é algo expressivo, em lavouras importantes.

Se os alimentos continuam como pressão de alta da inflação, o efeito da demanda fraca ficou mais clara nos preços em geral, o que puxa os preços para baixo, segundo Eulina. Entre os itens afetados pela baixa demanda, estão passagens aéreas, boate, excursão, automóvel novo e eletrodomésticos. Até mesmo nos preços de alimentos pode haver efeito de demanda. Ou seja, diante da redução da safra, a alta dos preços poderia ser maior.

— A passagem aérea é um clássico (para observar o efeito da demanda). As empresas aéreas estão com problemas de faturamento, reduzindo voos. As pessoas também não estão se divertindo tanto nas boates. O efeito da demanda aparecia, mas era mais devagar. Agora está mais claro e mais espalhado — apontou.

O Globo

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