A indefinição sobre a nomeação de ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o comando da Casa Civil atrasou por dois meses a deflagração da Operação Janus, que investiga um esquema de tráfico de influência e exploração de prestígio no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). Conforme a reportagem do Estadão apurou, os investigadores haviam se preparado para ação na segunda quinzena de março deste ano. Contudo, no dia 16 daquele mês, a presidente Dilma Rousseff anunciou o convite para Lula ingressar no governo.
Logo após o anúncio da ida de Lula para a Casa Civil, o juiz Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos da Lava Jato na primeira instância, divulgou o áudio de um telefone entre ele e Dilma. Na conversa, a atual presidente afirma que vai encaminhar o termo de posse da nomeação para usar “em caso de necessidade”. No dia seguinte, Lula tomou posse na Casa Civil em cerimônia no Palácio do Planalto. Horas depois, um juiz de Brasília concedeu liminar suspendendo a posse. Após recurso apresentado pela Advocacia-Geral da União, o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal. Tudo isso deixou a Operação Janus suspensa.
Caso se confirmasse a nomeação de Lula na Casa Civil, a investigação envolvendo Taiguara teria de ser encaminhada ao STF, já que o ex-presidente ganharia foro privilegiado por ser ministro. O processo de impeachment de Dilma também atrasou a ação da PF. A Polícia Federal preferiu esperar uma definição final do pedido de afastamento da presidente para reapresentar o pedido de autorização da operação realizada nesta sexta-feira.
CPI do BNDES
Sobrinho da primeira mulher de Lula, Taiguara Rodrigues dos Santos já havia sido investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), realizada de agosto do ano passado a fevereiro deste ano. Em depoimento à comissão, ele negou ter sido ajudado pelo ex-presidente para obter contrato com a Odebrecht. O empresário, porém, admitiu ter contato com o ex-presidente “às vezes” e ser próximo de Fábio Luís Lula da Silva, filho de Lula, que também é empresário. “Influência zero do Lula e do Fábio”, disse, em depoimento concedido à comissão no dia 15 de outubro.
Estadão