
Deputados da oposição ao presidente do Paraguai, o conservador Mario Abdo, confirmaram nesta segunda-feira (5) que vão mesmo apresentar pedido de impeachment contra Abdo e seu vice, Hugo Velázquez, por conta do caso que envolve suposto beneficiamento de empresa ligada à família Bolsonaro em acordo de Itaipu. O chamado juízo político deve começar a tramitar na terça-feira (6).
O deputado Jorge Ávalos Mariño, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), confirmou ao jornal ABC Color que a oposição está decidida a mover o processo contra o presidente da República mesmo sem ter, por enquanto, os votos necessários para derrubar Abdo.
Efraín Alegre, líder do PLRA e candidato à presidência derrotado em 2018, confirmou em seu Twitter que estão sendo colhidas assinaturas para dar entrada no processo.
Esta mañana se inicia la firma de los diputados para el Juicio Político. pic.twitter.com/XadNTYvBdD
— Efraín Alegre (@EfrainAlegre) August 5, 2019
A grande dúvida sobre o processo de impechament é a posição do movimento Honra Colorada, um racha do Partido Colorado, de Abdo, comandada pelo ex-presidente Horácio Cartes. Cartes e Abdo teriam feito um acerto após Brasil e Paraguai terem cancelado o polêmico contrato de Itaipu. O governo de Jair Bolsonaro considera o possível impeachment um “golpe” e pretende proteger o aliado.
Envolvimento com os Bolsonaro
A posição do governo brasileiro não surpreendeu os paraguaios, afinal, a família Bolsonaro é apontada como beneficiária do acordo que gerou a grave crise política no país vizinho. Segundo a imprensa local, um representante do governo teria manobrado uma modificação no novo contrato de Itaipu com o objetivo de beneficiar a empresa Léros, ligada ao clã.
O empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), foi apontado pelo advogado paraguaio José “Joselo” Rodríguez González – um dos envolvidos no escândalo – como o intermediário brasileiro do esquema. Ele, no entanto, afirmou que não conhece “ninguém do Paraguai” nem da família Bolsonaro.
As versões que circulam sobre o caso são contraditórias. Três figuras tidas como centrais nesse caso, Joselo, o vice-presidente Hugo Velázquez – quem teria colocado o advogado nas tratativas – e Giordano, contam histórias distintas, abrindo margem para muita especulação.
Repercussão no Brasil
O caso, que ainda não teve grande repercussão no Brasil, já fez o diretor da estatal elétrica paraguaia Ande, Pedro Ferreira, o ministro das Relações Exteriores, Luis Castiglioni, e outras duas autoridades do país vizinho pediram renúncia. O Senado brasileiro pode começar a investigar a questão por meio Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Revista Fórum

