Dois ativistas “antiveganos” foram multados nessa terça-feira, 23, e terão de pagar o equivalente a cerca de R$ 3 mil por terem comido esquilos crus em um mercado vegano em Londres. As informações são do Ministério Público da Inglaterra.
A Justiça considerou que Deonisy Khlebnikov e Gatis Lagzdins cometeram assédio contra pessoas veganas e afirmou que os dois claramente visavam gerar desconforto em quem estava no mercado no último dia 30 de março. Deonisy recebeu uma multa ainda mais pesada por não ter comparecido ao tribunal.
Natalie Clines, promotora de Justiça, informou que Deonisy e Gatis alegaram que são contra o veganismo e que “estavam tentando conscientizar as pessoas sobre os perigos de não comer carne”.
“Ao continuarem com o comportamento repugnante e desnecessário, apesar dos pedidos para parar, incluindo de um pai cujo filho estava chateado pelas ações, a acusação foi capaz de demonstrar que eles planejaram e pretendiam causar angústia no público. Suas ações premeditadas provocaram sofrimento ao público local, incluindo crianças pequenas”, observou a promotora.
Não é a primeira vez que Gatis Lagzdins, um youtuber conhecido como ‘Sv3rige’, tenta provocar veganos. No ano passado, ele atraiu atenção internacional quando foi até o ‘Vegan Food Festival’ em Amsterdã, na Holanda, usando uma regata com a frase: “Seja vegano e morra”. Enquanto caminhava, ele comia pedaços de carne crua.
Neste ano, Gatis Lagzdins anunciou uma “turnê antivegana” pelo Reino Unido e Austrália, e usou seu canal no YouTube para convidar mais pessoas para se juntarem a ele e reforçar o “movimento antivegano”.
Consumo de carne
Um dos mais importantes professores da Universidade de Harvard relaciona a diminuição do consumo de carne vermelha ao o aumento da expectativa de vida. Em uma palestra durante o Unite to Cure Fourth International Vatican Conference, na cidade do Vaticano, o professor de epidemiologia e nutrição da escola de Saúde Pública de Harvard, Walter Willett, alertou que um terço das mortes prematuras poderia ser prevenida se as pessoas parassem de comer carne, ou mesmo diminuindo o consumo, e mudassem a dieta para uma baseada em vegetais.
O professor pondera que seus cálculos são baseados em uma dieta equilibrada. “Se uma pessoa parar de comer carne, mas optar por refrigerante, pão branco e donuts, as consequências podem ser ainda piores“, disse Willett ao site americano Daily Meal. “Mas há um real benefício para a longevidade se as pessoas trocarem a carne por nozes, verduras, legumes, soja e cereais.”
Além da saúde, o professor lembra que parar de comer ou diminuir o consumo de carne pode trazer benefícios ao meio ambiente. “Apenas reduzir o consumo de carne, especialmente carne vermelha e produtos lácteos, impacta diretamente gases do efeito estufa. A saúde humana depende da saúde do planeta, então isso pode ser uma importante contribuição que todos nós podemos seguir.”
Para se ter ideia, se você trocar um filé de 150 gramas apenas uma vez por semana por um prato de feijão, por exemplo, impedirá que o equivalente a 331 quilos de gases responsáveis pelo efeito estufa (como metano e dióxido de carbono) chegue à atmosfera em um ano.
“Uma dieta baseada em vegetais pode reverter estágios avançados de doenças cardiovasculares e de diabetes tipo 2, e é relacionada à diminuição de doenças como hipertensão e hiperglicemia“, acrescentou Julienna Heaver, nutricionista e autora do livro Plant-Based Nutrition (Idiots Guide).
Pragmatismo