A campanha do candidato a presidente Fernando Haddad (PT) apresentou nesta quarta-feira (24) um pedido ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para que o petista seja entrevistado pela Rede Globo no horário que estava destinado ao debate do segundo turno.
O debate da Globo estava previsto para a noite desta sexta-feira (26), mas foi cancelado após o candidato Jair Bolsonaro (PSL) desistir de comparecer ao evento. A campanha do PSL enviou uma carta à emissora afirmando que o capitão enfrenta “limitações em virtude da bolsa de colostomia” que carrega, em consequência do ataque a faca que sofreu em setembro.
A decisão da emissora de cancelar o debate foi informada na segunda-feira (22). A Globo também optou por não realizar uma entrevista com Haddad, que havia confirmado sua participação no debate. A emissora informou que “Na reunião de elaboração das regras do evento foi acertado com as assessorias dos candidatos que, se Jair Bolsonaro não pudesse comparecer por razões de saúde, o debate não seria substituído por entrevistas”.
Esta será a primeira vez desde o fim da Ditadura Militar e a volta de eleições diretas, em 1989, que não haverá debate presidencial no segundo turno (em 1994 e 1998 não houve segundo turno). Assim, Bolsonaro e Haddad chegarão às urnas sem jamais terem se enfrentado em um debate.
No primeiro turno, dos sete debates realizados, o candidato do PSL esteve nos dois primeiros e o candidato do PT nos quatro últimos. Na petição apresentada ao TSE, a campanha do PT afirma que a ausência de Bolsonaro no debate não deve ditar os “rumos do processo democrático” e defende que o tempo que seria dedicado ao debate seja utilizado para uma entrevista com Haddad, feita pelos jornalistas da emissora. “Muito mais do que mero evento jornalístico, os debates são eventos pilares do processo democrático, sendo essenciais a um processo rígido e verdadeiramente democrático, permeados pelo interesse público”, diz o documento.
“Dessa forma, o cancelamento do evento em razão da ausência de um candidato autoriza-o, em verdade, a ditar os rumos do processo democrático, o qual não deve possuir roteiristas e diretores diversos do próprio eleitorado”, afirmam os advogados da campanha do PT.
O processo será relatado pelo ministro Sérgio Banhos, que ainda não se manifestou sobre o pedido.
Fonte: UOL