O Governo do Estado iniciou as tratativas para receber, em maio de 2020, a visita do Conselho de Embaixadores Árabes. A reunião foi proposta à governadora Fátima Bezerra pelo embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, que é decano do Conselho, durante reunião nessa sexta-feira, 25.
O Rio Grande do Norte foi escolhido como um dos estados a ser visitado pelos diplomatas árabes pelo potencial de negócios. “Vamos preparar o encontro com toda atenção e carinho. É uma oportunidade de estreitar nossos laços, que já são muito fortes, e promover desenvolvimento para os potiguares e os palestinos”, afirmou a governadora Fátima Bezerra.
O Conselho de Embaixadores Árabes reúne representantes diplomáticos de 17 países e da Liga Árabe no Brasil. O encontro marcado para o ano que vem deverá envolver o corpo técnico das embaixadas, a equipe de secretários de Estado e auxiliares do Governo e empresários potiguares. “Somos um grupo de países que tem muito que oferecer a este estado privilegiado que é o Rio Grande do Norte, que conhece a qualidade e o potencial da comunidade palestina”, pontuou o embaixador Alzeben, que está no Brasil há 11 anos.
A reunião na Governadoria fechou a missão diplomática palestina no RN, que teve encontros na Prefeitura de Natal, Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Arquidiocese de Natal e outras instituições. Integrando a comitiva também esteve o prefeito de Belém, Anton Salman. A cidade palestina é origem de diversas famílias que fazem parte da comunidade potiguar há décadas, como os Elali e os Hazbun, pois a ocupação militar na região, que fica há 10 km de Jerusalém, vem forçando a imigração por anos. Atualmente, a cidade tem seus acessos controlados militarmente e é cercada pelo Muro da Cisjordânia. Assim, dos seus mais de 220 mil habitantes, apenas 12 mil são de famílias originárias da cidade.
A localidade, conhecida historicamente como o local onde nasceram Jesus de Nazaré e Davi, rei de Israel, é cidade irmã da capital potiguar desde 1998, além de ser origem de boa parte da comunidade palestina que vive em solo potiguar. “Nossa presença aqui traz um sentimento de irmandade e humanidade. Desejamos reativar e dinamizar as ações como cidade irmã de Natal, partilhando nossos valores”, disse o prefeito Salman.
A primeira ação de aproximação será já a partir de abril do próximo ano, quando Belém será nomeada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como capital cultural do mundo árabe por 12 meses. O planejamento é promover uma programação paralela em Natal e Belém, com intercâmbio de artistas potiguares e palestinos ao longo do ano.
A governadora Fátima Bezerra e o secretariado presente ao encontro ainda externaram a disposição em organizar uma visita à Palestina dentro do processo de estreitamento de laços.
O grupo palestino também destacou durante a reunião o plano de abrir uma Casa Árabe no estado, com foco na disseminação da cultura, história, gastronomia e outros aspectos dos países árabes. “As possibilidades que estão se abrindo são muito grandes e essa é uma forma da nossa comunidade de agradecer”, completou o empresário e presidente da Associação da Cultura Palestina em Natal, Hanna Safieh, palestino que vive no RN há mais de 40 anos.
Além de Safieh, a comunidade palestina esteve representada no encontro pelos empresários Sami, Ramzi e Esam Elali, Muhamad Tawfik (presidente da Associação de Refugiados e Imigrantes), advogados Ramon Asfora e Cyntia Asfora, a chefe de gabinete da Agência de Fomento do RN, Emilia Asfora, o empresário pernambucano Alberto Bechara e, representando a cidade de Santa Maria-RS que também é cidade irmã de Belém, Janeti Vieira do Carmo e Sandra Rebelato (secretária municipal de meio ambiente).