O Governo do Rio Grande do Norte confirmou nesta segunda-feira (25) ao PORTAL DA 98 FM que decidiu adiar repasses para manutenção do Consórcio Nordeste. Segundo o controlador-geral do Estado, Pedro Lopes Neto, a destinação de recursos para o consórcio só será viabilizada após o governo quitar salários de servidores que estão em atraso e conseguir regularizar o pagamento de fornecedores.
“A prioridade do governo é pagar dívidas pretéritas e fazer o pagamento dos fornecedores atuais. Só depois disso é que o governo poderá colocar na sua programação qualquer pagamento ao Consórcio Nordeste”, afirmou Pedro Lopes, ressaltando que a gestão da governadora Fátima Bezerra (PT) assumiu o governo com R$ 1 bilhão em dívidas só com servidores públicos.
O controlador-geral do Estado confirmou que o Consórcio Nordeste custa cerca de R$ 1 milhão por ano para o Rio Grande do Norte, mas ressaltou que, desde que ingressou no consórcio, o governo Fátima Bezerra não fez nenhum pagamento, exceto verbas para compras coletivas. Com isso, a dívida da gestão estadual com o consórcio já deve superar os R$ 2 milhões.
Investigação sobre respiradores
A decisão anunciada pelo governo potiguar acontece no momento em que a CPI da Covid na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte e a Justiça avançam com as investigações sobre a compra frustrada de respiradores pelo Consórcio Nordeste.
No auge da pandemia, os 9 estados que compõem o consórcio pagaram adiantado R$ 48 milhões por 300 respiradores. Até hoje, os equipamentos não chegaram e o dinheiro não foi devolvido.
Trechos de depoimentos sigilosos obtidos pela CPI dão conta de que a proprietária da empresa contratada para fornecer os respiradores delatou que houve negociação de propina para que o negócio desse errado. Parte do dinheiro para comprar os respiradores seria desviada.
O presidente da CPI, deputado estadual Kelps Lima (Solidariedade), tem defendido que o Estado deixe o Consórcio Nordeste pelo menos até a conclusão das investigações.
“Governadora, não existe mais justificativa para a senhora deixar o RN continuar no Consórcio Nordeste. Tivemos acesso a documentos sigilosos que demonstram que este grupo defende a bandeira de um esquema desastrado”, ressaltou Kelps em recente reunião da comissão.
Governo do RN permanece no consórcio
Apesar da cobrança, o Governo do Estado não pretende deixar o Consórcio Nordeste neste momento. A gestão aguarda a conclusão das investigações para decidir o que fazer. Em entrevista ao “Repórter 98” na última sexta-feira (22), o controlador-geral Pedro Lopes disse que o governo está preparando um levantamento sobre os benefícios de permanecer no consórcio, apesar da compra frustrada dos respiradores.
“Não queremos fazer juízo de valor antecipado. Tem empresários que foram presos, tem recursos bloqueados… O governo não quer fazer pré-julgamento, precipitação. Se, ao final das investigações, for apurado que houve desvio de conduta, vamos querer toda a responsabilização do agente. O governo não cogita sair do consórcio porque a ideia é boa. É fazer compras em conjunto para ter melhores preços. Quando se tem prática irregular de um agente, você não ataca a ideia, afasta o diretor”, finalizou.
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