O governo do Rio Grande do Norte decidiu acatar a recomendação do comitê científico do estado e suspender a terceira fase de reabertura econômica, prevista para esta quarta-feira (29). A informação foi confirmada pelo secretário de Saúde do Estado, Cipriano Maia, no início da tarde desta segunda-feira (27). De acordo com Cipriano, a previsão é de que o novo prazo fique para 5 de agosto.
“O que o comitê, com muita propriedade, tem apontado é que você não tem como ter uma segurança de dados antes de 15 dias de reabertura, porque isso vai se refletir no contágio, na transmissibilidade, no número de pessoas graves que vão demandar leitos nos hospitais e óbitos. De cada 100 pessoas contaminadas, uma pessoa pode morrer, ou no mínimo, de cada 200, uma. Esse é um dado que nos leva a ter muita precaução e cautela”, afirmou em entrevista ao RN 1, da Inter TV Cabugi.
“Não é pelo fato de estarmos com uma situação favorável de leitos hoje, na maioria das regiões, que nós vamos estar fazendo liberação para ter daqui a 15 dias uma situação de sufoco novamente com risco de perder vida. Mesmo tendo leito de UTI, muita gente está morrendo”, acrescentou o secretário.
O secretário ainda considerou que a abertura de shoppings seria prejudicial e pediu que a capital revise a medida. “Nós achamos que não é uma medida sensata. Os shopping são um lugar de grande aglomeração. Mesmo adotando todos os protocolos de segurança e distanciamento, nós vimos em dois episódios no fim de semana que isso não tem sido respeitado”, considerou.
Recomendação
Em um documento enviado neste domingo (26) ao governo do Rio Grande do Norte, o comitê científico que assessora o estado nas tomadas de decisão sobre a pandemia do novo coronavírus, sugeriu a suspensão da primeira etapa da 3ª fase de reabertura econômica, prevista inicialmente para esta quarta-feira (29). A recomendação foi de que a reabertura seja adiada por sete dias.
Embora o estado apresente uma ocupação de leitos de UTI abaixo de 66%, o grupo de pesquisadores apontou que a taxa de transmissibilidade aumentou em grandes cidades, como Mossoró e Parnamirim e a taxa média do estado voltou a ficar em Rt 1 – que significa que cada contaminado contamina outra pessoa, em média. Ao todo, 111 municípios têm taxas superiores a 1,03. Com esse aumento registrado após o início da reabertura econômica, o estado poderia voltar a receber maior pressão por leitos.
Os pesquisadores também apontaram as aglomerações registradas nas praias e nas filas das agências da Caixa Econômica – para pagamento do auxílio emergencial – como sinais de alerta. Para o comitê, apenas com um prazo maior, de pelo menos 15 dias, o estado terá a capacidade de avaliar os efeitos dessas ações e das últimas fases de reabertura sobre o número de infectados e necessidade de leitos.
“É seguro afirmar que não há uma folga expressiva quanto a disponibilidade de leitos críticos, principalmente em virtude do processo de retomada gradual, o que poderá implicar em mais demandas assistenciais. Aparentemente, os resultados apresentam-se como bons quando se trata da redução na pressão por leitos de UTI covid-19, todavia, este é um momento de muita cautela, prudência e monitoramento contínuo”, disse o relatório.
G1RN