O governo do Rio Grande do Norte criou um comitê que deverá identificar e apoiar as vítimas dos ataques criminosos registrados desde o dia 14 de março no estado. O decreto assinado pela governadora Fátima Bezerra (PT) foi publicado em uma edição extra Diário Oficial do Estado.
O estado chegou ao sétimo dia de ataques a prédios públicos, veículos e comércios, nesta segunda-feira (20). Segundo o governo do estado, 284 casos ocorreram desde a última terça-feira (14). Levantamento do g1 aponta ocorrências em mais de 50 cidades potiguares.
Segundo o governo, o Comitê Estadual de Monitoramento, Acompanhamento e Apoio às Vítimas de Violência no Rio Grande do Norte deverá identificar pessoas e instituições vítimas da violência decorrente dos ataques orquestrados no estado.
O grupo também deverá identificar os prejuízos à população e ao patrimônio público e privado, elaborar um diagnóstico acerca dos prejuízos causados e articular com secretarias e órgãos públicos, “medidas de apoio para mitigação dos danos sofridos”.
O governo ainda não detalhou como será a ajuda às vítimas.
No decreto, a governadora considerou que “a segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio” e apontou um que há um “expressivo número de potiguares vítimas da violência orquestrada”,
O documento ainda aponta que os danos materiais e patrimoniais afetam “não só a vida particular das pessoas como também o pleno funcionamento de serviços públicos” e que há necessidade de adoção de políticas públicas que reduzam os efeitos das ações violentas.
Segundo o decreto, o comitê deverá ser formado pelo gabinete civil do governo, além de seis secretarias de estado e da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte. Segundo o governo, outros órgãos poderão ser convidados a participar.
Uma semana de ataques e prejuízos
Mais de 50 cidades do Rio Grande do Norte foram alvos de ataques criminosos em uma semana. O terror começou na madrugada de terça-feira (14), quando prédios públicos e privados foram depredados, veículos incendiados e moradores das regiões ficaram em estado de pânico.
Somente em um depósito de medicamentos incendiado, a prefeitura de São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal, estimou prejuízos de mais de 10 milhões. O caso aconteceu na madrugada de sexta-feira (17).
O empresário do ramo do turismo, José Cardoso Sobrinho, teve quatro ônibus queimados em uma garagem na Zona Norte de Natal na noite de terça (14). O prejuízo financeiro dele é estimado em R$ 500 mil. Assim como ele, outras pessoas ficaram sem seus meios de trabalho.
Os ataques começaram na madrugada do dia 14 de março, quando ao menos 20 cidades foram alvos de destruição. No primeiro dia, um fórum de Justiça, duas bases da Polícia Militar, a sede de uma prefeitura e outros prédios públicos foram alvos.
Veículos foram incendiados, incluindo ônibus do transporte público. Nos dias seguintes, mesmo com a segurança reforçada, os ataques continuaram. Mais de 130 pessoas pessoas foram presas suspeitas de envolvimento nos ataques.
Ministro em Natal
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, chegou ao estado neste domingo (19) e afirmou que o governo federal pode enviar mais 800 policiais ou “quantos o Rio Grande do Norte precisar” para auxiliar na segurança pública do estado.
Até o momento, segundo o ministro, o governo federal já fez o envio de aproximadamente 700 policiais para o Rio Grande do Norte, em um investimento que já ultrapassa os R$ 5,3 milhões.
“Se houver uma necessidade adicional, o que nós não acreditamos, esses 700 poderão virar 1.000, 1.200, 1.500, ou quanto o Rio Grande do Norte precisar. Nós não economizaremos no que é o principal, que é a paz social de um estado tão importante”, afirmou Dino.
G1RN