A governadora Fátima Bezerra e a secretária adjunta de Saúde, Maura Sobreira, estão em Brasília. Elas deverão se reunir nesta terça-feira (8) com representantes do Ministério da Saúde, incluindo o ministro Eduardo Pazuello, para tratar do Plano Nacional de Imunização e do Plano Estratégico de Vacinação do Brasil. Além de Fátima Bezerra, governadores de outros Estados brasileiros participarão do encontro. O encontro será feito no Palácio do Planalto, mas a maioria dos governadores deve participar por meio de videoconferência.
Em outubro, durante reunião com governadores, Pazuello anunciou que compraria doses da Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e o Instituto Butantã, órgão ligado ao governo paulista de João Doria (PSDB). Após ser desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro, porém, o ministério recuou e negou a compra do imunizante. Nessa videoconferência Pazuello estava no Ministério da Saúde.
A Saúde não deu explicações sobre o porquê de a reunião, desta vez, ser feita no Palácio do Planalto. A Presidência não informou se Bolsonaro e ministros palacianos participam da conversa. Os governadores devem cobrar que o ministério incorpore ao SUS o maior número de vacinas possível, além de pedir mobilização para uso emergencial dos imunizantes, que pode ser feito ainda com estudos clínicos em andamento. Pazuello tem dito, porém, que só comprará mais vacinas após o registro dos produtos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Tutelado pelo Planalto, o ministro da Saúde ainda tem ignorado a Coronavac ao falar sobre o plano para vacinar a população.
Em entrevista ao jornal Diário do Nordeste, o presidente do Consórcio Nordeste, Wellington Dias (governador do Piauí), disse que as disputas partidárias devem ser deixadas de lado. “O que queremos é salvar vidas acima das disputas partidárias”.
Reuniões
Antes de embarcar para Brasília, durante a segunda-feira (7) Fátima Bezerra discutiu com prefeitos, secretários municipais de saúde e representantes de municípios das regiões Metropolitana de Natal, Agreste, Oeste e Alto Oeste, novas ações de enfrentamento à pandemia no Rio Grande do Norte por meio do Pacto pela Vida.
Após ouvir os representantes dos municípios, o Governo apresentou as medidas prioritárias que os prefeitos devem adotar, com apoio da gestão estadual: 1) atualizar e/ou editar novo decreto dos planos municipais de contingência; 2) retomar os Comitês Regionais com representação efetiva dos municípios; 3) realizar barreiras sanitárias qualificadas; 4) rastrear os casos através da atenção primária de saúde; 5) monitorar os pacientes com oxímetro; 6) editar norma técnica para orientar os cuidados pós-Covid e 7) ampliar a fiscalização nos ambientes de trabalho, em especial comércios, para garantir distanciamento social e evitar aglomerações.
A governadora Fátima Bezerra, que coordenou as duas reuniões, alertou que o aumento de casos reflete-se na hospitalização e internamentos e pode vir a se refletir no aumento dos óbitos. “Daí a necessidade do Estado e municípios, através de ações do Pacto pela Vida, tentar conter a ocorrência de novos casos. Pelo Governo do Estado, estamos revertendo 89 leitos para atendimento Covid. O Governo vai dar todo o apoio aos municípios, inclusive na área da segurança pública. Os municípios têm suas prorrogativas legais e devem aumentar as medidas de combate à Covid e para evitar aglomerações das festas de fim de ano”, afirmou a governadora.
A programação da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN) para reversão de leitos para atendimento exclusivo Covid é a seguinte: Região Metropolitana – 20 leitos; Seridó – 10 leitos; Oeste e Alto Oeste – 27 leitos; Mato Grande/Agreste – 16 leitos; Potengi – 16 leitos.
Cenário diferente
A secretária-adjunta da Sesap, Maura Sobreira, destacou que hoje o cenário é diferente do início da pandemia. “Temos maior incidência junto à população jovem que tende a desrespeitar mais o isolamento social. É fundamental a ação dos municípios para evitar o crescimento da pandemia”, avaliou a gestora. Vários representantes dos municípios, a exemplo de Antônio Flávio (Alto do Rodrigues), informaram que os eventos do período eleitoral levaram a população a achar que pandemia acabou. “O município de Alto do Rodrigues não fará eventos neste final de ano. Mas a iniciativa privada se programa para fazer. Precisamos do apoio policial”, ressaltou.
A secretária de Saúde de Mossoró, Saudade Azevedo, disse que a Prefeitura ainda não editou novo decreto, mas está trabalhando na atualização do Plano de Contingência. Ela acrescentou que a partir desta semana, “o município vai recomeçar a fiscalização do cumprimento das regras protetivas como o uso da máscara, distanciamento social e restrições a aglomerações”.
De acordo com o secretário de saúde de Extremoz, Fábio Medeiros, “o município está voltado para não incentivar os eventos de massa. Com foco na atenção básica para evitar a lotação do hospital municipal. A equipe de saúde está alinhada”.
A promotora de Justiça do Ministério Público, Kalina Filgueira, destacou que o MP está preocupado com o aumento do número de casos e a pressão por leitos. “Sabemos da dificuldade da logística para a implantação dos novos leitos. Os eventos de massa tem nos preocupado, as festas de fim de ano.
Estamos chamando a responsabilidade de cada município, principalmente no tocante aos eventos de massa. Os municípios precisam aumentar as equipes de fiscalização e publicar seus decretos com as normas e protocolos”, comentou.
Com informações da Tribuna do Norte