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Golpes bancários disparam no País e devem gerar prejuízos de pelo menos R$ 2,5 bilhões neste ano

FOTO-ESTADÃO OCNTEÚDO

O volume de golpes no sistema financeiro nacional deverá alcançar a marca de R$ 2,5 bilhões neste ano. E a estimativa é de que parte considerável desse montante (R$ 1,8 bilhão, ou 70%) esteja concentrada no Pix, sistema de pagamento instantâneos doBanco Central (BC). A estimativa dos bancos para o fechamento de 2022, obtida pelo Estadão, leva em conta os dados até junho, período em que as fraudes atingiram R$ 1,7 bilhão, sendo R$ 900 milhões por meio do Pix.

Fontes do sistema bancário disseram que esse número, contudo, pode estar subestimado, já que nem todos os golpes e assaltos são reportados aos bancos pelos clientes. Oficialmente, não existe um número consolidado. Ao longo da pandemia e com aumento da digitalização dos consumidores, com mais transações sendo realizadas online, o cálculo é de que as fraudes tenham triplicado em dois anos. O Pix entrou em operação em 2020, rapidamente se popularizando entre os clientes de bancos.

Na comparação com outros países do globo, Brasil tem situação pior em relação a segurança de dados dos usuários do sistema bancário.  Foto: Ssteve Marcus/Reuters

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Existem outras evidências de que os golpes financeiros estão se multiplicando: levantamento feito pela Serasa Experian mostrou que, em maio de 2021, um total de 331,2 mil brasileiros foram vítimas de algum tipo de fraude, sendo que 53,3% se concentraram em contas bancárias ou em cartões de crédito (ou mais de 176 mil ocorrências).

Para se ter uma ideia da velocidade de disseminação do problema, dois meses antes, em março, o total de fraudes relacionadas a bancos e cartões era de 79,9 mil. O estudo da Serasa Expert analisa números relacionados a crimes como utilização indevida de identidade e abertura de contas e emissão de cartões sem autorização.

Braço antifraude do serviço de monitoramento de crédito Boa Vista, a Konduto também identificou a gravidade do problema: apenas de janeiro a abril deste ano, foram cerca de 9 milhões de tentativas de fraude no comércio relacionadas a clonagem de cartão de crédito e a roubo de dados pessoais. Só em abril foram 2 milhões de ocorrências, alta de 117% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Além do roubo de dados por hackers, outro tipo de golpe que tem crescido no Brasil é a fraude classificada como “engenharia social”, que consiste na manipulação psicológica do usuário para que ele forneça informações confidenciais, como senhas de cartões e de contas. Levantamento recente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) apontou uma alta de 165% nesse tipo de ocorrência desde o início da pandemia. Neste ano, 1 em cada 3 brasileiros sofreu uma tentativa de golpe do tipo, aponta a associação.

As fraudes financeiras são um problema global que é comparativamente mais grave no Brasil. Em um estudo de fevereiro de 2022, a gigante americana IBM revelou que 31% dos brasileiros afirmaram ter sofrido algum tipo de golpe relacionado a cartões de crédito ao longo do ano anterior. Na Alemanha, por exemplo, esse número foi de 7% e nos Estados Unidos, de 18%.

Quem trabalha com cibersegurança no Brasil afirma que a questão é grave. “O Brasil é um mercado hostil e que tem um problema de segurança pública”, afirma Fabiana Saenz, especialista de segurança da Zetta, associação que representa as fintechs (startups do setor financeiro) no Brasil. “Quando apresentamos casos brasileiros em fóruns internacionais de cibersegurança, os estrangeiros ficam bastante impressionados com a maneira de atuação dos criminosos daqui”, conta José Luis Santana, líder de cibersegurança do C6 Bank.

Estadão

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