A adoção de práticas sustentáveis podem impactar em ganhos de até 500% em atividades econômicas como o turismo. Esse foi um dos números compartilhados durante o 3º Fórum de Reciclagem de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Norte, que aconteceu ontem (13) e hoje (14), na Casa da Indústria, sede da Federação das Indústrias (FIERN), em Natal.
Luciana Balbino, empresária com forte atuação no turismo criativo e eleita uma das 100 mulheres mais poderosas do agronegócio pela revista Forbes foi uma das palestrantes. Ela apresentou um caso de sucesso que aconteceu no Brejo Paraibano, após a adoção de práticas sustentáveis a partir do turismo de base comunitária. Um dos destinos que promoveu a mudança ampliou o número médio de visitantes semanais de 600 para 3.000, um ganho de 500% que repercutiu nas receitas na mesma proporção.
“Montamos um programa pelo qual é possível aproveitar a natureza, mas com respeito ao Meio Ambiente, sem causar impactos, e a total integração da comunidade. A simples trilha virou uma trilha ecológica com piquenique no final, com produtos feitos pelos locais. Os turistas já chegam perguntando pelas atividades sustentáveis. O ganho para a economia e para as pessoas justificam a mudança de chave, além das questões ambientais, claro”, compartilhou Luciana.
Geraldo Rufino, fundador da maior empresa de reciclagem de peças de caminhões do país, lembrou em sua palestra que grandes impactos econômicos e ambientais passam pela colaboração de cada um. Ele é defensor da responsabilidade compartilhada, desde a geração até a destinação de resíduos, ressaltando o espaço que há para o crescimento do setor no Nordeste e em todo o Brasil.
“Nós somos um dos poucos países do mundo que exporta sucata. O nosso potencial ainda é subaproveitado. Mas não se pode avançar achando que isso é assunto de empresário ou do governo. As pessoas precisam fazer as coisas quando ninguém está vendo. É no silencio, nas pequenas atitudes, que poderemos mudar. E sustentabilidade passa necessariamente pela reciclagem”, defendeu Rufino.
O fórum foi realizado pelo Sindicato das Indústrias de Reciclagem e Descartáveis do RN (SindRecicla-RN). O setor de reciclagem alcançou a marca de 22 mil empregos diretos e indiretos no Estado e prevê um crescimento de mais 20% até o final de 2025. As informações foram divulgadas pelo presidente da representação sindical, Etelvino Patrício. Segundo ele, “graças ao associativismo, parcerias sólidas e políticas públicas estratégicas, o crescimento da atividade tem sido possível no Estado”.
Em sua fala durante a abertura do evento, o presidente da FIERN, Roberto Serquiz, ressaltou a transversalidade da atividade de reciclagem, que dialoga com todos os segmentos produtivos por oferecer uma destinação adequada para resíduos e retornar esses materiais para as cadeias produtivas. “Os novos modelos de produção e consumo surgidos neste século, com automação e digitalização de diversos processos, exigiram um uso ainda maior de recursos. A indústria da reciclagem entra neste contexto, para gerir os resíduos gerados por essa cadeia, evitar que esse material seja destinado para aterros e lixões e faz com que volte para a cadeia produtiva”, declarou Serquiz.
Também participaram do fórum a governadora Fátima Bezerra; o deputado estadual Hermano Morais; o consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) Fabrício Soler; a diretora presidente da Central das Cooperativas de Trabalho de Matérias Recicláveis (Centcoop), Aline Sousa; a subprocuradora do trabalho do Ministério Público do Trabalho, Ileana Neiva; o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do RN, Paulo Varella; o secretário de Desenvolvimento Econômico do RN, Silvio Torquato; o secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal, Thiago Mesquita, dentre outros palestrantes e convidados.
O fórum contou com os seguintes parceiros: Sicred, Recicla-RN, Reciaço, JPatricios, Lippel, Byd – Carmais, Confea, Cril, Inesfa, Sindcer, Singraf, Recinfo, Bioma Soluções, Café Santa Clara, Natal Shopping, Sadio, Fardar, Grimaldi, Sterbom, Vila Coxinha, Massas São Sebastião, Sebrae-RN e Semurb, além da Federação das Indústrias.