SELO BLOG FM (4)

Forte dos Reis Magos sofre com deterioração e falta de acessibilidade

FOTO: JOSÉ ALDENIR

O Forte dos Reis Magos, um dos principais patrimônios históricos de Natal, enfrenta um cenário de deterioração e infraestrutura precária que compromete a experiência dos visitantes e sua preservação histórica. A constatação foi feita pelo AGORA RN, que realizou uma vistoria no local e ouviu visitantes e comerciantes que relataram uma série de problemas estruturais, falhas na acessibilidade e insegurança no equipamento.

O comerciante natalense Carlos Roberto, que trabalha na área e conhece a história do Forte, criticou as modificações feitas no espaço e a falta de guias turísticos para explicar a importância do monumento. “O Forte tem 427 anos e não tem história. É como se eu fosse cego e não visse nada. Fizeram mudanças que não eram para acontecer. Tem uma lanchonete onde não era para ter, tem escritório onde não era para ter. A gente não pode encobrir uma história eterna”, declarou.

Na entrada do Forte, a placa de granito que identifica o monumento está quebrada. As paredes externas apresentam desgaste na pintura e sinais de deterioração, enquanto no interior há diversos trechos descascados. A estrutura conta com algumas placas informativas, mas a maioria está danificada, com suporte de MDF inchado e comprometido.

Embora o Forte conte com algumas rampas, um elevador e corrimãos em pontos estratégicos, a acessibilidade para pessoas com deficiência visual é limitada, pois não há placas em braile. Além disso, há apenas uma cadeira de rodas disponível para os visitantes.

O turista Lucas Igreja Pereira, que veio do Pará para conhecer Natal, apontou dificuldades no acesso ao Forte. “Eu senti uma dificuldade para chegar. Peguei um Uber, mas esse caminho deveria ser coberto. A gente precisa cobrir um pouquinho do sol”, relatou.

Ele também chamou atenção para a falta de informações dentro do espaço. “Precisaria ter pessoas para orientar, seria bem melhor. Se não for possível isso, que tivesse algo escrito com mais detalhes, com mais elementos. E também a maioria dos ambientes são muito escuros, isso dificulta um pouco a compreensão. Teve locais que eu não entrei porque achei muito escuro, e eu já tenho dificuldade de visão, então complica mais”, afirmou.

O Forte dos Reis Magos dispõe de uma válvula de segurança contra incêndios na parte superior externa, mas a presença de extintores é reduzida. O único identificado estava com a validade vencida. Além disso, não há sinalização clara de rotas de emergência, considerando que o local possui apenas uma entrada e saída.

A segurança patrimonial também é limitada. No momento da vistoria, havia apenas um agente de segurança dentro do forte. Do lado de fora, próximo aos quiosques, dois policiais militares faziam ronda na área.

Atendimento e informações limitadas. O AGORA RN apurou que o local conta com apenas um guia de turismo vinculado à instituição, enquanto outros quatro guias autônomos atuam regularmente na área.

No entanto, não há informações em idiomas estrangeiros. Os QR codes disponíveis direcionam para o portal do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas o local não possui conexão de internet para acessar os conteúdos.

Carlos Roberto ressaltou que a ausência de guias compromete a experiência dos visitantes. “História vem em primeiro lugar. Como é que eu vou saber o que aconteceu aqui se não tem ninguém para contar? Falta muita coisa ainda na Fortaleza dos Reis Magos”, lamentou.

O Forte dispõe de uma única loja de souvenirs, que também funciona como conveniência, vendendo apenas lanches industrializados.

Em relação à conservação dos elementos históricos, os itens expostos em mostruários estão preservados, porém, acumulam poeira, possivelmente devido à proximidade com a praia. Apesar da deterioração, o espaço foi encontrado limpo, inclusive os banheiros.

A vistoria identificou que a parte inferior do Forte conta com diversas lixeiras, mas a área superior não possui recipientes para descarte de resíduos. Um saco de lixo foi encontrado no espaço, sem um suporte adequado para armazená-lo.

Visitantes também relataram dificuldades de acesso ao local, reforçando a necessidade de melhorias estruturais para facilitar a mobilidade e garantir uma experiência mais confortável.

Lucas Igreja Pereira comparou o Forte dos Reis Magos com o Forte do Pará e destacou a falta de estrutura voltada para o turismo histórico. “No Pará, temos um Forte com uma estrutura muito bem construída para receber turistas e esclarecer sobre a história. Aqui senti falta disso. Natal tem muita estrutura voltada para as praias, mas não para os pontos históricos”, analisou.

Nova política de preços. O Forte aderiu a uma nova política de cobrança de ingressos, que será aplicada a partir de 1º de fevereiro. A Portaria nº 16/2025, da Fundação José Augusto (FJA), estabeleceu um preço de R$ 10 para a visitantes de outras cidades e estados, além de meia-entrada (R$ 5) em alguns casos e gratuidade para moradores da capital potiguar (com comprovante de residência) e para guias de turismo cadastrados no Cadastur/RN, que estejam acompanhados de visitantes.

A meia-entrada é para estudantes, professores, idosos, crianças (a partir de 12 anos), pessoas com deficiência, doadores de sangue/medula e inscritos no Cadastro Único. Segundo o Governo do Estado, toda a arrecadação é revertida para a manutenção e valorização do patrimônio histórico.

Agora RN

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram

Comente aqui

undefined