O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (Fiern), Roberto Serquiz, propôs um “pacto” entre os poderes, a sociedade civil e o setor produtivo para enfrentar a crise econômica estadual. Segundo ele, é essencial revisar as despesas públicas e estimular a economia de maneira estruturada.
“Nós temos colocado a questão de se fazer um pacto. Eu estive na Assembleia Legislativa e até sugeri que a Assembleia moderasse uma conversa com os demais poderes, com a sociedade civil, com o setor produtivo, para que a gente pudesse encontrar qual era a cota de sacrifício de cada um”, afirmou.
Para ele, uma das ações necessárias é rever situações específicas de mau uso de recursos humanos no funcionalismo estadual, como policiais e educadores fora de suas funções principais. “O Estado precisa fazer uma revisão daqueles policiais que estão em desvio de função, os educadores que estão fora da sala de aula. Existe todo um trabalho, um plano de despesa para ser feito, para que a gente possa, de um lado, estimular a economia, avançando, e do outro lado, fazer ajustes necessários”.
Roberto citou exemplos bem-sucedidos de gestão fiscal e contenção de despesas em outros estados nordestinos. “Vamos olhar as experiências vitoriosas, exitosas, que aconteceram no Ceará, na época de Ciro Gomes e Tasso Jereissati, com o governador Coutinho na Paraíba, com Eduardo Campos em Pernambuco. Naqueles momentos necessários, tomaram medidas fortes de contenção e deixaram a economia realmente fluir. E hoje você vê a diferença”, destacou.
Ele reforçou que a proposta não é uma simples comparação, mas sim uma oportunidade de aprender com iniciativas que deram certo. “Não é uma questão de comparação, é uma questão de você se deparar dentro de uma realidade e a gente se espelhar em algo que deu certo”, afirmou.
Além de defender a pactuação entre os setores, Roberto lembrou da agenda propositiva da Fiern apresentada ao Governo do Estado. Entre as medidas, está a revisão da legislação ambiental para agilizar os processos de licenciamento e destravar investimentos, especialmente no setor de petróleo, que tem impulsionado o crescimento econômico potiguar.
O presidente acredita que a demora nos licenciamentos compromete diretamente a arrecadação estadual. “Se tivesse sido emitidas todas as licenças, o déficit atual na arrecadação não existiria. A descentralização para os municípios é uma solução prática e viável”, ressaltou.
Roberto lembrou que o setor industrial potiguar apresentou o maior crescimento do Nordeste, puxado pelo petróleo e pelas energias renováveis. Ele frisou a importância de continuar atraindo investimentos bilionários para o RN e de preparar mão de obra qualificada para sustentar o desenvolvimento.
“Na hora que você tem investimentos, você tem mais gente circulando, se hospedando, se alimentando e consumindo. Indiretamente, você tem mais ICMS circulando, e isso é tão natural. É preciso permitir que esses investimentos cheguem”, explicou.
O presidente reforçou, por fim, a necessidade de que o Estado prepare uma política industrial robusta e esteja atento às vocações econômicas regionais, especialmente diante da transição imposta pela reforma tributária. “O problema do Estado não está na receita, está na despesa. Temos que olhar para frente e construir um plano estruturado, com o envolvimento de todos os setores”, concluiu Serquiz.
Agora RN