A verticalização de construções na Praia do Meio e em outras áreas como o centro da cidade, dotadas de infraestrutura, mas abandonadas pelo poder público, entraram no radar da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte (Fecomércio), que há seis meses organizou um grupo de trabalho para subsidiar propostas à revisão do Plano Diretor de Natal.
Com forte oposição de grupos ambientalistas, que estão preocupados com efeitos desse adensamento sobre a circulação dos ventos nas áreas costeiras, o grupo ligado à Fecomércio está concluindo estudos que levam em consideração possíveis interferências da verticalização na temperatura de bairros como Petrópolis, Tirol e Cidade Alta.
“Esses estudos estão apontando para a possibilidade de uma verticalização menor na quadra da frente para o mar, com aumento de gabarito crescente nas quadras seguintes, de modo a não haver qualquer influência nas correntes de ar que dão a Natal esse clima tão agradável durante todo o ano”, comenta Marcelo Queiroz, presidente da Fecomércio.
“A gente acredita que dá para compatibilizar ambas as preocupações e termos uma proposta mais moderna e desenvolvimentista, sem impactar negativamente na qualidade de vida de nossa cidade, pelo contrário”, acrescenta.
Segundo ele, “o que não pode é ficar como está, com imóveis em ruínas ou completamente desocupados nas nobres quadras à beira mar”.
A motivação da Fecomércio é também fortemente econômica, uma vez que ela representa as empresas do comércio, serviços e turismo, responsáveis por 70% dos empregos e 65% do PIB estadual.
De acordo com Queiroz, uma das conclusões importantes do grupo de estudo organizado pela Fecomércio é que o atual Plano Diretor não foi capaz de adensar adequadamente os bairros já dotados de infraestrutura na Região Metropolitana, forçando um adensamento maior justamente em bairros periféricos sem nenhuma infraestrutura.
“Enquanto isso, a área central de Natal e bairros como Centro, Ribeira e Alecrim, por exemplo, que conta com toda infraestrutura pronta, tiveram queda de população, em alguns casos, superior a 29%”, afirma.
Outra crítica que Queiroz faz ao atual Plano Diretor é que a lei atual não foi capaz de interromper o processo de esvaziamento urbanístico de bairros como a Ribeira e a Cidade Alta.
“Assim, estamos sugerindo um coeficiente de adensamento maior nos eixos urbanos de Natal, a exemplo do Plano de Curitiba, bem como nos bairros da Ribeira, Cidade Alta e Alecrim”, finaliza o presidente da Fecomércio.
Agora RN