A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), participou de um painel da 27ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 27, na manhã desta quarta-feira (16), no Egito, e falou principalmente sobre o pioneirismo do estado na produção de energias limpas no país.
Junto com outras autoridades, como a deputada federal eleita Marina Silva (Rede), a governadora participou das discussões do painel “Mudando os caminhos do desenvolvimento”, a convite do Instituto Alziras.
Fátima destacou os projetos de implantação de parques eólicos no mar e de construção de um porto voltado à indústria das energias renováveis no estado. Ela também falou do foco do estado em diversificar os tipos de energia limpa produzida.
A fala da governadora também ressaltou a participação das mulheres na política, inclusive na busca pela busca da transição energética, dos combustíveis fósseis para as energias consideradas limpas.
Antes do encontro, ela começou o dia acompanhando a agenda do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a leitura da Carta da Amazônia.
Na abertura da sua fala no painel, Fátima destacou que o nome do Instituto Alziras homenageia a potiguar Alzira Soriano, a primeira mulher eleita prefeitura da América Latina, em Lajes, no Rio Grande do Norte.
“Alzira Soriano foi, na época, a primeira mulher a ser eleita prefeita, potiguar, na cidadezinha chamada Lajes no meu querido Rio Grande do Norte. Foi a primeira prefeita eleita, não só no Brasil, mas no contexto da América Latina. Aliás, o Rio Grande do Norte tem um pioneirismo na história da luta da emancipação política das mulheres. Foi no Rio Grande do Norte também que foi dado o primeiro passo na busca da conquista pelo direito ao voto feminino, através da então lutadora Celina Guimarães. Assim como também, importante lembrar, que é a terra de Nísia Floresta, que nos deixou um legado que nos inspira até hoje na luta pela cidadania e dignidade das mulheres”, disse Fátima, lembrando que foi a única mulher eleita governadora, no Brasil, em 2018.
“O que nós mulheres temos em comum? Em primeiro lugar, a luta em defesa da democracia, associada à luta por um mundo inclusivo, pelo desenvolvimento com sustentabilidade. E outro aspecto que nos une aqui é a luta nossa pela participação das mulheres na política e na gestão pública. Eu venho da região Nordeste, do meu querido Rio Grande do Norte. Região que, em termos de densidade populacional, é a segunda maior região do país. Em termos de extensão territorial é a terceira maior do país. Uma região que tem um protagonismo hoje, por exemplo, no campo das energias renováveis”, disse a governadora.
Fátima afirmou que o Nordeste representa atualmente cerca de 70% da produção de energia renovável no Brasil e destacou que dos 805 parques instalados no país, 700 estão na região.
“Nesse contexto o Rio Grande do Norte se destaca como líder da produção de energia eólica no Brasil, quando dos parques instalados no Nordeste, 220 estão no Rio Grande do Norte. Ao longo dos últimos 10 anos o Rio Grande do Norte tem se mantido firme na liderança da produção de energia eólica e nos preparando agora para um novo desafio dentro desse contexto da agenda imperiosa, imprescindível, da transição energética. Estamos nos preparando para diversificar essa matriz energética, com a energia offshore, no mar”, afirmou Fátima.
Os projetos citados pea governadora citou são de instalação das torres também de energia eólica em alto mar.
“Também está em curso a discussão em relação à regulação desse setor, mas quero dizer aqui que o governo está muito atento a esse tema, fazendo a parte que lhe cabe, tanto que, em parceria com a academia, com a UFRN, já desenvolvemos um projeto para instalação de um porto no Rio Grande do Norte – o chamado Porto Indústria Verde. Esse seria o primeiro do Brasil, um porto voltado principalmente para o escoamento da chamada energia do mar, a energia offshore, combinado com uma outra temática fundamental dentro do contexto da transição energética, que é a produção e armazenamento do hidrogênio verde e da amônia verde”, disse.
De acordo com Fátima, 94% da energia produzida no Rio Grande do Norte é de fonte limpa e renovável e o estado chegou à marca de 6,8 GW de produção de energia renovável.
Para a governadora, o atual desafio do estado é “exportar” essa energia para o mundo e discutir como associar a transição energética global ao desenvolvimento social.
“Essa transição em curso não pode estar dissociada da cidadania. Deve trazer trabalho e emprego digno para o nosso povo”, considerou.