As declarações do filho do presidente, Carlos Bolsonaro, através do Twitter nessa segunda-feira, 9, foi interpretada como um ataque à democracia pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e por parte das forças políticas do país, que reagiram lembrando do valor desse sistema.
Em resposta, o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, afirmou, ao jornal Folha de S.Paulo, que “não há como aceitar uma família de ditadores”. “É hora dos democratas do Brasil darem um basta. Chega”, disse.
Santa Cruz já havia sofrido ataques de Jair Bolsonaro, em função da prisão e assassinato de seu pai Fernando Santa Cruz, em 1974, por agentes da ditadura militar. Em julho, o presidente disse que sabia como Fernando havia desaparecido e que seu filho “não vai querer ouvir a verdade”, o que provocou repúdio de diversos políticos e entidades.
O presidente da OAB acionou o Supremo Tribunal Federal. Questionado pela Corte, Bolsonaro disse que não teve intenção de ofender e que se limitou a expor sua “convicção pessoal em função de conversas que circulavam à época”.
Outras reações
Nesta segunda-feira, menos de duas horas depois da postagem de Carlos Bolsonaro, o PSDB também reagiu. Em nota, afirmou que “figuras autoritárias insistem em transformações que não sejam pelas vias democráticas”.
Os tucanos lembraram que, “por vias democráticas o brasileiro elegeu presidentes, apoiou impeachment dos que cometeram irregularidades […], elegeu Bolsonaro e tirou o PT.”
A declaração de Carlos Bolsonaro também foi criticada por políticos mais à esquerda. Erika Kokay, deputada federal pelo PT do Distrito Federal, afirmou que o filho do presidente havia feito “apologia ao golpe” e que, por meio da sua postagem, “o fascismo mostra sua cara e arreganha os dentes”.
Sâmia Bomfim, deputada pelo Psol de São Paulo, disse que a declaração de Carlos Bolsonaro era um “inequívoco ataque à democracia” e pediu “unidade” entres forças opositoras ao governo.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, também reagiu à manifestação de Carlos Bolsonaro, fazendo um apelo por uma “aliança democrática” que faça frente ao governo, “para o País não implodir”.
Ele aproveitou a oportunidade para criticar a atuação do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente, a respeito do pedido de instalação da CPI da Lava Toga, que serviria para investigar a atuação de membros do Poder Judiciário.
“O 02 [como Carlos é chamado pelo presidente, por ser seu segundo filho] diz que não acontecerá transformação por vias democráticas. Fiquei na dúvida: ele está criticando o próprio irmão, que se utiliza do jogo democrático e trabalha para retirar assinaturas da CPI da Lava Toga?”, escreveu Randolfe.
Carlos Bolsonaro, a quem o presidente também se refere como pitbull, teve papel central na estratégia de campanha do pai nas redes sociais durante a eleição de 2018.
Em entrevista à rádio Jovem Pan em abril deste ano, o presidente disse sobre Carlos: “Ele que me botou aqui [no Palácio do Planalto]. Foi realmente a mídia dele que me botou aqui.” Na mesma oportunidade, o presidente também disse que Carlos seguia o ajudando na “coordenação” de sua conta no Twitter.
Com informações: Terra