A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner compareceu hoje, 10, à quarta audiência do julgamento em que é acusada de corrupção, associação ilícita e desvio de verbas de obras públicas. Ela chegou por volta das 9h30 ao tribunal Comodoro Py, em Buenos Aires.
Até o momento, as audiências consistiram apenas na leitura dos autos do processo. Segundo a imprensa argentina, ainda faltavam a leitura de aproximadamente 300 páginas. Após as leituras obrigatórias, começará a etapa de questões preliminares e, em seguida, se darão as declarações indagatórias.
A audiência de hoje foi a terceira a que Cristina comparece. Na semana passada, ela não esteve presente no julgamento pois solicitou comparecer a uma reunião no Congresso, onde exerce funções como senadora desde 2017.
O caso
Cristina Kirchner é acusada de associação ilícita e fraude ao Estado envolvendo obras públicas, por cerca de 46 bilhões de pesos, o que equivale a cerca de 1 bilhão de dólares. Com outros membros de seu governo, como o ex-ministro do Planejamento Julio De Vido, é acusada de criar um sistema para desviar verbas de obras públicas.
A acusação é de que os envolvidos favoreceram, entre 2004 e 2015, o empresário Lázaro Báez, em contratos de mais de 50 obras, o que representa 80% do total de obras públicas realizadas no período. De acordo com a Justiça, muitas das obras não foram concluídas, foram superfaturadas ou não eram necessárias.
Além de Cristina e Báez são julgados também Julio de Vido, ex-ministro do Planejamento; José López, ex-secretário de Obras Públicas; e Carlos Kirchner, primo do falecido ex-presidente e marido de Cristina, Néstor Kirchner, todos eles atualmente presos. Há ainda outros oito acusados que permanecem em liberdade após terem pago fiança.
Cristina Kirchner tem 12 processos na Justiça, cinco julgamentos pendentes e seis pedidos de prisão preventiva, que nunca foram levados adiante devido ao foro privilegiado que tem como senadora.
Viagem
Cristina Kirchner solicitou ao tribunal autorização para viajar a Cuba, entre os dias 2 e 10 de julho, para visitar a sua filha Florencia, que está em Havana, em tratamento de um quadro de estresse pós-traumático. A jovem, acusada de associação ilícita e lavagem de dinheiro, viajou em março para Cuba, para fazer um curso de roteiro para cinema. Ela não voltou mais a Argentina por apresentar problemas de saúde como estresse pós-traumático e obstrução linfática. O tribunal ainda não decidiu sobre o pedido de viagem.
Em setembro, Cristina e seus dois filhos, Florencia e Máximo, serão ouvidos em outro processo, por lavagem de dinheiro.
Candidata
Cristina Kirchner é candidata nas eleições de agosto deste ano à vice-presidência na chapa com Alberto Fernández, seu ex-chefe de gabinete. Ao renunciar ao cargo de senadora para se candidatar, ela perde o foro privilegiado. No entanto, de acordo com juristas argentinos, Cristina não será presa imediatamente. Caso seja eleita, para que seja julgada, detida e afastada do cargo de vice-presidente, ela teria que passar por um julgamento político no Congresso. Como vice, ela poderia ser citada e questionada pela polícia, mas não presa.
Agência Brasil