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Estudantes querem um plano de recuperação para desocupar escola

ESTUDANTES QUEREM PLANO DE RECUPERAÇÃO

Estudantes secundaristas seguem ocupando a Escola Estadual Augusto Severo, em Petrópolis, zona Leste de Natal. A ocupação teve início na manhã da última terça-feira e, de acordo com os alunos que estão alojados no espaço, só deve acabar quando a Secretaria Estadual de Educação apresentar um plano de recuperação da estrutura do colégio, interditado há dois meses por determinação judicial.
A SEEC, por sua vez, afirma que está em fase de licitação para contratar a empresa que vai realizar a obra na escola, e que somente após finalizar o processo burocrático vai poder iniciar as construções.
Ao todo, cerca de 30 estudantes participam efetivamente da ocupação. A maioria deles tem entre 16 e 18 anos e são alunos de escolas da rede estadual de ensino. Os secundaristas acreditam que um maior número de pessoas deve aderir à ocupação na medida em que o ato ganhar visibilidade.
A secretária da SEEC, Cláudia Santa Rosa, afirma que está em diálogo com os estudantes, em uma tentativa de convencê-los a deixar o prédio. Encaminhamos um memorando para reiterar o motivo da interdição da escola, por solicitação do Ministério Público. A escola está fechada porque necessita de reparos e nos preocupamos com a integridade física deles”, explica.
Ainda de acordo com a secretária, os alunos do turno verpertino da Augusto Severo estão assistindo às suas aulas no Colégio Athreneu, após um acordo entre as direções das duas instituições. Os do turno matutino, diz ela, começam a estudar na Escola Estadual Professor Ulisses de Góis a partir da segunda-feira.  “A informação que chega à Secretaria é de que os alunos que estão ocupando o prédio da escola Augusto Severo não estudam lá”, acrescenta.
A demora para para o realojamento dos alunos do matutino, ainda de acordo com Santa Rosa, se deu por conta da necessidade da realização de uma reforma na escola que vai recebê-los. Isso porque eles vão ficar em um local da instituição que não estava mais sendo usado.
Alunos de várias instituições públicas passam o dia acompanhando a ocupação, mas eles deixam o espaço à noite, quando a quantidade de manifestantes reduz. Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (IFRN) dão suporte aos ocupantes e participam dos atos e plenárias organizados no interior da escola.
O grupo permanente tem se revezado na guarda do prédio. Eles temem ser surpreendidos por forças de repressão do estado incutidos da missão de desocupar a escola ou por possíveis criminosos que queiram se aproveitar da situação para praticar delitos. “Estamos deixando sempre equipes de plantão na vigilância do prédio”, conta Mateus Freitas, 18 anos, diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas no RN.
O portão principal da escola, voltado para a Rua Mipibu, permanece fechado por correntes e cadeados. Os estudantes têm o controle de quem entra e de quem sai do prédio. Nenhum funcionário da escola está autorizado por eles a entrar no espaço, restrito para estudantes e apoiadores do movimento.
No interior da escola, dezenas de estudantes se alojam como podem para manter a ocupação de pé. Eles utilizam colchões infláveis e pedaços do que seria um tatame para dormir. Banheiros e salas de aula são utilizados pelos alunos, que garantem zelar pela estrutura do prédio. “Estamos fazendo a limpeza da escola, que estava muito bagunçada, e cuidando do espaço”, afirma Lúcio Brito, presidente do Grêmio Estudantil da Escola Estadual Augusto Severo.
Lúcio e Mateus participaram desde o princípio da ocupação e falam pelo grupo. Eles receberam a reportagem do NOVO na manhã de ontem e permitiram imagens do interior da escola.
Nas paredes, cartazes estão colados com frases contrárias ao presidente Michel Temer. Os estudantes criticam severamente a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que estabelece um teto para o aumento dos gastos públicos pelas próximas duas décadas. Eles dizem que, além de cobrar a reabertura do Augusto Severo, estão fazendo a ocupação para “garantir que no futuro todos tenham acesso a um sistema de ensino de qualidade”.
Os estudantes possuem embasamento teórico sobre o assunto e afirmam que estão levando para outras escolas à discussão acerca da PEC. A intenção do grupo é de que outras instituições públicas de ensino estadual sejam ocupadas em todo o estado. “Mais duas escolas devem ser ocupadas nos próximos dias”, garante Lúcio.
Os secundaristas afirmam que estão tendo dificuldade para angariar alimentos e produtos de limpeza. Eles pedem que a população se solidarize com a causa e os ajude na doação de mantimentos. “Estamos lutando pelo Brasil”, reflete Mateus Freitas.
NOVO

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