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Entenda como o cerco jurídico a Bolsonaro mexe com jogo político para 2026

FOTO: DIVULGAÇÃO

A Primeira Turma do Superior Tribunal Federal (STF) decidiu tornar réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na quarta-feira (26/3). O ex-chefe do Executivo já é considerado inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com essa nova manifestação da Suprema Corte, a pressão sobre os apoiadores de Bolsonaro cresce na tentativa de construir cenário favorável à direita para as eleições de 2026.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e sete aliados pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Bolsonaro e o Judiciário

  • A Primeira Turma do STF decidiu tornar réu Jair Bolsonaro e sete aliados por envolvimento em suposta trama golpista. O grupo é acusado de cinco crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado e organização criminosa armada.
  • Bolsonaro mantém discurso público de que será candidato, mas nos bastidores a aposta do ex-presidente para 2026 é o senador Flávio Bolsonaro (PL-SP).
  • No entanto, a direita está fragmentada, sem um nome de consenso para unificar o campo político.
  • Parte dos aliados de Bolsonaro aposta na reversão da inelegibilidade, enquanto outros acreditam que, se ele for condenado, o poder de transferência de votos aumentará.

Com a aceitação da denúncia, o julgamento segue na Primeira Turma do STF. Agora, serão ouvidas testemunhas e defesas antes de os ministros tomarem decisão final. Caso o ex-presidente seja condenado, ele não poderá ser preso de imediato, uma vez que caberá recurso da decisão.

Direita em 2026

Jair Bolsonaro, publicamente, se mantém como o candidato da direita nas eleições presidenciais de 2026, para enfrentar possível reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, no bastidor, o nome posto pelo ex-presidente para disputar o Palácio do Planalto é o do senador Flávio Bolsonaro (PL-SP).

Apesar do favoritismo por parte do pai, Flávio Bolsonaro não é consenso dentro da direita brasileira, que entra no ano pré-eleitoral pulverizada, com diferentes nomes colocados como possíveis candidatos.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é um dos mais cotados, mas publicamente afirma ser candidato à reeleição. Os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União), se colocam como alternativa, mas enfrentam desafios para ganhar projeção nacional e unir a direita.

Aliados do ex-presidente, em público, defendem a candidatura de Jair Bolsonaro e apostam em possível reversão da inelegibilidade do ex-presidente. Ainda na avaliação de nomes da base bolsonarista, a decisão da Primeira Turma foi de “cartas marcadas”.

“O julgamento foi, para mim, um jogo de cartas marcadas. Uma decisão vazia, frágil, teratológica, mas tinha a decisão de acatar a denúncia e foi acatada, mas quando você olha para o conjunto probatório, é algo vergonhosamente escandaloso”, disse o senador Marcos Rogério (PL-RO) ao Metrópoles.

“Nós não perdemos a esperança de que ele vai ser o nome que vai estar na disputa de 2026, ainda tem muita coisa para acontecer. Eu acho que ele ainda é o plano A. Agora, uma coisa é certa, se ele for condenado, o poder de transferência de voto dele se torna muito maior. Você tem uma situação de absoluta injustiça”, complementa o senador do PL.

Ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro e presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI) diz que a história irá inocentar o ex-presidente.

“A história não é escrita pelo presente, mas pelo ontem, o hoje e o amanhã. Reservará a Jair Bolsonaro a visão desapaixonada de sua importância para a democracia e sua condição de vítima de uma vereda histórica que a História o inocentará”, escreveu o presidente do PP na rede social X.

Do outro lado do espectro político, parlamentares da base governista defendem que apenas os aliados mais radicais irão permanecer na defesa do ex-presidente. Com cenário mais definido para 2026, os parlamentares de centro e esquerda afirmam que a situação de Jair Bolsonaro se afunila ainda mais.

“A questão do Bolsonaro agora é jurídica, não mais política. Inelegível ele já estava, isso não mudou. Prisão em curto prazo acho improvável, a menos que ele dê motivo para uma preventiva. Acredito que ele continuará falando em candidatura, mesmo sabendo que não vai prosperar. Em resumo, o que já era difícil para ele ficou ainda pior”, salientou o deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA) ao Metrópoles.

O senador Marcelo Castro (MDB-PI) chamou de “acertada” a decisão da Primeira Turma de tornar réus o ex-presidente e aliados. “Todos sabemos que houve uma tentativa de golpe no Brasil. Os mandantes e os financiadores têm que responder com os rigores da lei. A decisão do STF de tornar réus Bolsonaro e seu grupo é mais do que correta. A democracia é um patrimônio que conquistamos a duras penas.”

Na avaliação de Marco Antônio Teixeira, coordenador do mestrado e doutorado em Gestão e políticas públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV), a direita enfrenta dificuldades em encontrar um nome que consiga unificar votos para tentar vencer Lula nas eleições presidenciais de 2026.

“O que está acontecendo agora, no campo da direita, está se movendo candidaturas dessa certeza que o barco do Bolsonaro está perto. A grande questão é: quem ocupar esse barco vai unificar esse campo? Acredito que não”, pontua Marco Teixeira.

“Bolsonaro candidato não unifica, Caiado é o candidato mais experiente. E Tarcísio talvez seja aquele que hoje é mais viável, mas de alguma maneira também ele ainda é visto com certa desconfiança, sobretudo pelos setores mais radicais”, complementa.

A direita tem se dividido entre diferentes nomes para disputar o Palácio do Planalto em 2026, enquanto Lula se coloca como possível candidato à reeleição, mas enfatiza que a possível candidatura dependerá do estado de saúde dele.

Metrópoles

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