No dia da Consciência Negra, uma palestra virtual do ambientalista Ailton Krenak abriu o 32° Encontro Anual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Brasileira, na noite desta segunda-feira (20), no auditório Geólogo José Gilson Vilaça, sede do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – Idema, em Natal. O evento acontece de 20 a 25 de novembro.
O evento reuniu autoridades do estado e de todo o país. A mesa solene foi composta pelos diretores do órgão ambiental, Werner Farkatt (geral) e Marcílio Lucena (administrativo); pela procuradora do Estado, Marjorie Madruga; pela representante da empresa Neoenergia, Vanessa Íris; pelo representante da Rede de ONG’s da Mata Atlântica, Chico Iglesias; pelo vice-presidente da RBMA, Fernando Bezerra e pela presidente da Reserva e gestora do Parque das Dunas, Mary Sorage. Uma apresentação do grupo Batuque de Mulheres abriu o evento desta noite.
A presidente da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), Mary Sorage, fez a fala de abertura, destacando o papel da Governança para difundir a sustentabilidade. E mencionou o exemplo do Governo do Rio Grande do Norte, pelo apoio e infraestrutura concedidos para sediar um encontro como este.
“Estou muito feliz e emocionada em compartilhar esse evento com os conselheiros da RBMA de outros estados. Agradeço em nome de todos aqui presentes, o Governo do RN por todo apoio, e a cada um que atua na defesa do meio ambiente. Que possamos iniciar este evento com o coração aberto para discutir a biodiversidade, a mudança do clima, restauração dos ecossistemas e a vida em todas as suas dimensões”, comentou Mary.
Em sua palestra “O futuro é ancestral?”, Ailton Krenak reforçou a relevância dos que lutam pela conservação das florestas, e que há tempos vêm enfrentando agressões desenfreadas. “A Mata Atlântica é sagrada. Precisamos mudar a nossa perspectiva que temos sobre nosso Bioma, e isso é muito além de pensar em uma Conservação, precisamos mitigar os danos já causados a ela. Temos que despertar para a emergência climática mundial, pois somos fortemente atingidos por um ecossistema global. Tudo o que acontece em nosso Planeta incide no nosso bioma. Precisamos internacionalizar a responsabilidade aos governos que provocam danos aqui em nosso país. Nossa ideia de Conservação precisa ser reestruturada, ampliada e sujeita à verdadeira objetividade. A fúria pelo progresso precisa ser revista, pois não avançamos de forma insustentável, alimentando conceitos bastante estreitos, que não se aplicam ao real sentido de desenvolvimento. Não podemos falar sobre proteção da natureza sem falar de justiça social. Infelizmente, ainda vivemos narrativas bastante incoerentes e cruéis de progresso. A Mata Atlântica merece nossa devoção”, ressaltou Krenak.
O diretor-geral do Idema, Werner Farkatt, falou sobre o trabalho que a gestão do RN vem realizando ao longo dos anos. “Sejam bem-vindos à cidade do Natal. Temos atuado fortemente na proteção do remanescente de Mata Atlântica e também da Caatinga. Em nome do Governo do Estado desejo um excelente evento a todos os presentes”, disse. O diretor também saudou os participantes, lembrando da alegria da escolha de Natal para sediar o Encontro, local que abriga o maior parque sobre dunas do Brasil. O Parque das Dunas, primeira Unidade de Conservação criada no RN, é reconhecido pela UNESCO como parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Brasileira.
O troféu “Empresa Amiga” foi entregue para algumas instituições, como a Neoenergia, Casa dos Ventos, Eletra, ECMBio e Bracell. Outras entidades receberam o Certificado da Gratidão pelos serviços prestados ao meio ambiente. Após a premiação, ocorreu um momento de falas inspiradoras com grandes nomes da área socioambiental que se dedicam a defender o meio ambiente, como Sandra Akemi Shimada Kishi.
A entrega do Prêmio Muriqui, um dos prêmios ambientais mais relevantes do país, ocorreu logo em seguida. A Associação o ECO, Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB), Fábio José Feldmann e Yara Shaeffer Novelli receberam o Prêmio, que acontece desde o ano de 1993 e que carrega o nome do primata mais atacado do nosso Bioma.
Representantes de estados brasileiros que possuem remanescente de Mata Atlântica estiveram presentes na solenidade de abertura. Atualmente, apenas 12% do Bioma sobrevive ao longo do território nacional. “Atuar na proteção e conservação da Mata Atlântica, que vem sofrendo há mais de 500 anos, é um dever de todos”, finalizou a presidente da RBMA, Mary Sorage.