A empresa MicroCiclo Biotecnologia, startup incubada na BioInova, recebeu na última sexta-feira, 13, o reconhecimento internacional através do OpenLabs Brazil Ideas Contest, concurso dirigido a inovadores, empreendedores e startups que desenvolvem soluções de Química Sustentável, focado sobretudo nas que têm potencial de resolver desafios urgentes para um desenvolvimento sustentável e inclusivo, além de contribuir para cadeias de valor mais sustentáveis. Isso inclui a linha de atuação da MicroCiclo, que fornece soluções ou serviços que impactam o uso de produtos químicos em setores e cadeias de abastecimento.
O júri considerou a proposta da MicroCiclo entre as top 4 startups do concurso, ação capitaneada pelo Instituto SENAI de Inovação em Química Verde, o Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras do SENAI CETIQT, o International Sustainable Chemistry Collaborative Centre (ISC3) e a empresa londrina Clustermarket. Durante a apresentação do resultado, a equipe realizou um pitch de cinco minutos ao vivo sobre a inovação da empresa, como parte da Websérie Pesquisa e Inovação.
“Em termos mais concretos, a MicroCiclo terá acesso a um suporte de consultoria com especialistas, estrutura de laboratório e auxílio financeiro para o desenvolvimento da solução, com algumas ferramentas adicionais à disposição, tais quais o acesso a um período de aceleração de 1 a 2 meses, incluindo a assinatura de um contrato com o SENAI Química Verde sobre acesso ao laboratório, apoio ao investigador principal e supervisão do SENAI Química Verde no Rio de Janeiro, além do uso de equipamentos e instalações de laboratório para realizar pesquisas e experimentos necessários para desenvolver a solução da startup”, colocou Carolina Fonseca Minnicelli, uma das empreendedoras.
Ela acrescenta que a abrangência pormenorizada do suporte dos quatro principais vencedores será definido individualmente, com base no tipo e nos requisitos das soluções vencedoras. “Esse apoio deve estar de acordo com a disponibilidade de equipamentos e especialistas dentro do prazo escolhido para a startup. Os horários e serviços concedidos podem ser usados a qualquer momento dentro de um ano”, explica.
A MicroCiclo é formada por um grupo de pesquisadoras vinculado ao Centro de Biociências (CB/UFRN) e ao Laboratório de Biologia Molecular e Genômica. Coordenada pela professora Lucymara Fassarella Agnez Lima, integram a equipe, além de Carolina, as cientistas Marbella Maria Bernardes da Fonsêca, Rita de Cássia Barreto Silva-Portela e Kamilla Karla da Silva Barbalho, todas pós-graduadas na UFRN, distribuídas nos programas de Bioquímica e Biologia Molecular, Ciências da Saúde e Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos.
O grupo enfatiza que a aproximação com os institutos apoiadores tem o significado de buscar novos mercados, pois essas entidades têm experiência em atender a grandes empresas e podem conectar soluções sustentáveis com as demandas industriais. Segundo elas, a parceria possibilitará à MicroCiclo o passo seguinte na validação do produto, assim como permitirá aceleração no desenvolvimento da solução visando ao lançamento no mercado, por meio da interação com especialistas.
A MicroCiclo tem como característica essencial apresentar uma solução para o acúmulo de resíduos tóxicos ou contaminações, classificados pela Norma Brasileira de Resíduos 1004 como perigosos, tais quais metais pesados e corantes, entre outros, que são gerados por diversas indústrias, como a têxtil, mineradoras, empresas de refino, transporte e armazenamento de combustível fóssil. Com o protótipo líquido já desenvolvido, a empresa propõe um serviço de tratamento de resíduos tóxicos através da biorremediação, processo que consiste no uso de organismos vivos, principalmente microorganismos, para degradar contaminantes tóxicos em formas menos tóxicas. Consequentemente, removendo os contaminantes.
“Ao longo de mais de 10 anos, temos estudado diferentes mecanismos de degradação de óleo e descobrimos novos genes e microrganismos com potencial para biorremediação de áreas impactadas e resíduos industriais contaminados. Assim, incentivei minhas orientandas a criar a startup, visando a atender a essa lacuna no mercado. Está sendo bem estimulante”, colocou a coordenadora da equipe, a cientista Lucymara Fassarella Agnez Lima.
Essa não é a primeira vez que a startup consegue relevo além das fronteiras regionais. Já em 2020, a incubada foi selecionada no edital Swissnex para o programa Academy-Industry Training, esteve na etapa final do Projeto Centelha e foi finalista na categoria Pitch do Prêmio $ 100K Entrepreneurship Contest, promovido pelo Instituto Tecnológico de Buenos Aires. Já neste ano, a empresa foi aprovada no edital de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas Pesquisador na Empresa Incubada (RHAE), aprovado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além do esforço e conhecimento acumulado, as pesquisadoras creditam às recorrentes distinções ao sistema de apoio da Universidade, seja para o desenvolvimento do produto – constantemente testado em laboratório para atender às necessidades dos clientes e às resoluções ambientais, seja no sistema de incubação.