O presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates, reiterou nesta sexta-feira (24), que a estatal vai permanecer no Rio Grande do Norte e que há “um oceano de oportunidades” no estado, se referindo a investimentos no horizonte que incluem a perfuração de poços e a avaliação de áreas em águas profundas e ultraprofundas da Bacia Potiguar, além de medição de potencial eólico e geração de energia renovável offshore (no mar).
O tamanho da empresa no RN e novos caminhos que pretende trilhar foram apresentados por ele na Casa da Indústria, em Natal, na palestra “Uma visão de futuro: perspectivas para a produção de petróleo e energias renováveis”, que abriu as comemorações pelos 70 anos da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), celebrados, oficialmente, em 27 de fevereiro.
“Uma feliz coincidência é que a Petrobras também está fazendo 70 anos em 2023”, disse Prates, reforçando, no início da palestra, que quer “reapresentar a Petrobras ao Rio Grande do Norte e o Rio Grande do Norte à Petrobras”, fazendo referência aos planos da estatal de continuar no estado.
“A Petrobras fica no RN e isso não é uma frase fácil. Ela estava em marcha de ir embora, mas quer ficar”, ressaltou o executivo, pontuando que a companhia “está entranhada na história econômica do estado, nas universidades e no dia a dia das pessoas”.
A Petrobras está no Rio Grande do Norte há mais de 40 anos. Na unidade de negócios que engloba o RN e o Ceará são produzidos diariamente 20 mil barris de óleo equivalente (boed), 5,2 mil m3/dia de derivados e são empregadas 2.470 pessoas – números que, destacou ele, já foram bem maiores.
“Isso foi o que sobrou com a venda de ativos”, disse o presidente, acrescentando – ao apontar um mapa do Rio Grande do Norte que mostra as operações da empresa no estado: “O nosso desafio é olhar esse mapa e ver como a gente evolui nele”.
Offshore
No que diz respeito à transição energética, um dos principais destaques no discurso do executivo foi a energia eólica offshore – a geração de energia com a futura instalação de parques eólicos no mar.
“O que a gente acredita é que a energia eólica offshore é a fronteira imediata da Petrobras e ela já vem trabalhando nisso”, disse Prates e emendou: “O Hidrogênio verde vem em seguida e com certeza é uma prioridade para nós”.
Ao falar sobre Pesquisa & Desenvolvimento de soluções de baixo carbono, um dos projetos que ele citou foi a Bravo, “Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore”, tecnologia desenvolvida com o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), sediado no Rio Grande do Norte, e o Instituto SENAI em Sistemas Embarcados (ISI-SE), de Santa Catarina, para a mais nova fronteira do setor de energia.
“Isso é espetacular”, frisou Jean Paul Prates, mostrando ao público que acompanhava a apresentação uma imagem da Bravo no mar.
A tecnologia é a primeira desenvolvida no Brasil para medição do potencial eólico offshore utilizando boia.
Pioneirismo
Os testes em ambiente marinho foram iniciados em dezembro do ano passado. O sistema que está em desenvolvimento deverá ter capacidade de medir velocidade e direção dos ventos, variáveis meteorológicas, como pressão atmosférica, temperatura do ar e umidade relativa, além de variáveis oceanográficas, a exemplo de ondas e correntes marítimas. O lançamento da boia foi realizado a cerca de 15 km da costa de Areia Branca, com o apoio da Companhia Docas do RN (CODERN) e da empresa Intermarítima Portos e Logística, nova operadora do Terminal Salineiro de Areia Branca – Porto Ilha.
“É o estado pioneiro em medição eólica no Brasil, onde tem dado seguro para se investir em eólica no Brasil é no Rio Grande do Norte, graças ao Instituto SENAI de Inovação”, destacou o presidente da Petrobras, pedindo aplausos para o trabalho que o ISI-ER tem desenvolvido. O Instituto é a principal referência do SENAI no Brasil em energia eólica, solar e sustentabilidade. Faz parte do Sistema FIERN, por meio do SENAI-RN, representado no evento pelo diretor regional, Rodrigo Mello.
Pesquisadores/as do ISI-ER são pioneiros/as em estudos, com medições, sobre o offshore brasileiro, desenvolveram projetos como o novo Atlas Eólico e Solar do Rio Grande do Norte e também estão à frente de projetos como o mais abrangente mapeamento em desenvolvimento no Brasil para identificar o potencial de geração de energia eólica com turbinas implantadas no mar, em convênio com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Os trabalhos, nesse projeto, incluem medições de velocidade e direção dos ventos em pontos estratégicos e o mapeamento de áreas para projetos eólicos offshore. A liberação de recursos para o desenvolvimento das atividades é fruto de articulação realizada em 2021 com participação do próprio Jean-Paul Prates, então senador, e dos também senadores da República Davi Alcolumbre e Marcio Bittar.
Futuro
Desde janeiro à frente da Petrobras, Jean-Paul Prates disse, sem detalhes – em razão do período de silêncio que antecede a divulgação dos resultados da companhia – que, no curto, no médio e no longo prazos estão no radar, entre outras frentes de investimentos para o RN, a perfuração de poços e a avaliação de descobertas em águas profundas e ultraprofundas da Bacia Potiguar; a medição de potencial eólico e geração de energia renovável no mar, com o estado sediando as atividades neste segmento para todo o Brasil; pesquisas e análises de viabilidade da produção e exportação de hidrogênio verde e bioQAV; a capilarização e garantia de compra de óleo vegetal da agricultura familiar para Diesel R – diesel produzido pela estatal com conteúdo renovável – além de parcerias para recuperação e preservação da caatinga e dos mangues.
A palestra reuniu diversas autoridades e contou com discursos de abertura do presidente do Sistema FIERN, Amaro Sales de Araújo, do presidente da Federação das Indústrias da Bahia (FIEB), Ricardo Alban, que deverá suceder o presidente Robson Andrade este ano no comando da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e do vice-governador do Rio Grande do Norte, Walter Alves.