Mesmo se declarando parceira da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (Funpec) não explica quais motivos jurídicos impediram as empresas potiguares do segmento de comunicação, de concorrerem ao processo licitatório de campanha publicitária, no valor de R$ 50 milhões.
Em nota confusa à imprensa, a Fundação tenta sair de cena ao alegar que o contrato de publicidade firmado com a empresa Fields360, de Brasília, por 12 meses, para a campanha denominada “Sífilis Não” foi executada no âmbito do Projeto “Resposta Rápida à Sífilis”, financiado pelo Ministério da Saúde, em parceria com a UFRN e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A Funpec, seria, portanto, apenas uma gestora financeira e administrativa do Projeto enquanto Fundação de apoio.
Papelão – A contratação da “empresa Fields Comunicação Ltda, na data de 10/9/2018, pelo valor de R$ 50 milhões, para uma campanha nacional de combate à sífilis está sendo investigada pelo Ministério Público Federal (MPF). A Funpec, que teve mais de 70% do seu orçamento oriundos da UFRN para gerenciar projetos acadêmicos, abriu contratação, por exemplo, de R$ 4 milhões para empresa de eventos, R$ 50 milhões com empresa de publicidade e mais de R$ 420 mil para adquirir papel A4.
Vale lembrar que em 2012, a agência Fields Comunicação, criada pelo fotógrafo publicitário Sidney Campos, esteve na mira do Ministério Público, como sendo possível extensão do Valerioduto – termo criado para identificar a rede de corrupção comandada pelo publicitário Marcos Valério.
Na época, apesar de o MP ver indícios de que Valério estaria por trás de Sidney Campos, o dono da Fields Comunicação nega conhecer o ‘pivô do mensalão’.
Campanha – Com orçamento de R$50 milhões, a campanha “Sífilis Não” é parte de uma ação maior do Ministério da Saúde em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), com o intuito de chamar a atenção para a testagem e o tratamento da doença, além de desenvolvimento científico, seleção de apoiadores de campo e pesquisa no país inteiro, o que soma R$ 200 milhões no total. Cerca de cem municípios farão parte da campanha publicitária, entre capitais e aqueles mais sensíveis à doença, segundo os dados disponíveis sobre sífilis no país. Além dos banners, a campanha publicitária também reúne vídeos e uma web-série em que dúvidas sobre a doença são respondidas.