O vídeo da reunião ministerial, considerado peça chave na investigação que busca apurar se o presidente Jair Bolsonaro interferiu politicamente na Polícia Federal, é marcado por palavrões em meio a discussões exaltadas sobre a pandemia do novo coronavírus, o Supremo Tribunal Federal, economia e a própria PF. Em quase duas horas de reunião, o presidente e seus ministros proferiram nada menos que 42 palavrões. Bolsonaro foi, de longe, o líder do ranking: 34.
A reunião aconteceu no dia 22 de abril e só teve o seu vídeo divulgado por uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, relator do inquérito. O clima da reunião era pesado. Bolsonaro cobrou que seus ministros defendessem seu governo publicamente, criticou o Supremo, a oposição, e xingou os governadores do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), e de São Paulo, João Doria (PSDB).
Visivelmente irritado, Bolsonaro não economizou em palavras de baixo calão. “Porra” foi o palavrão mais frequente a sair da boca de Bolsonaro durante a reunião. Foram oito vezes. Numa delas, o presidente cobrou diretamente os seus subordinados por mais atitude.
“Tem que se preocupar com a questão política, e a quem de direito, tira a cabeça da toca, porra! Não é só ficar dentro da toca o tempo todo não!”, reclamou.
O segundo palavrão mais comum usado por Bolsonaro foi “bosta”. Foram sete vezes. Foi esse o termo escolhido para definir seu antigo apoiador Wilson Witzel.
“Que os caras querem é a nossa hemorroida! É a nossa liberdade! Isso é uma verdade. O que esses caras fi zeram com o vírus, esse bosta desse governador de São Paulo, esse estrume do Rio de Janeiro, entre outros, é exatamente isso”, disse Bolsonaro ao criticar as ações tomadas por Witzel e Doria no combate à epidemia causada pelo coronavírus.
O Globo