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Em ato inédito, Governo do RN distribui sementes crioulas para agricultores familiares

OS TIPOS DE SEMENTES FORAM DEFINIDOS PELOS PRÓPRIOS AGRICULTORES PORQUE SÃO AS MAIS UTILIZADAS PELA MAIORIA DOS CONTEMPLADOS. FOTO: DIVULGAÇÃO

Casada, mãe de três filhos, Ana Maria da Silva Gomes, 52, é  agricultora, guardiã de sementes, pescadora e cabeleireira da comunidade Assentamento Professor Maurício de Oliveira, na cidade de Assu, região Oeste do Rio Grande do Norte. Ela representa uma das três mil famílias beneficiadas pelo Programa Estadual de Sementes Crioulas – as sementes da tradição – que pela primeira vez estão sendo doadas pelo governo estadual para agricultores familiares.  A primeira etapa de distribuição, realizada através da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Rural (Sedraf), ocorreu nesta sexta-feira (31), no auditório da Ufersa (Universidade Federal Rural do Semiárido), em Mossoró, onde foram entregues sementes de milho, feijão, sorgo, castanha de caju, fava e arroz vermelho.

Os tipos de sementes foram definidos pelos próprios agricultores porque são as mais utilizadas pela maioria dos contemplados, cuja tradição é passada de geração a geração. Para execução do programa estadual, o governo adquiriu 50 toneladas de sementes, produzidas por 41 famílias de agricultores, os quais são chamados de guardiões de sementes.  A solenidade contou com a presença da governadora Fátima Bezerra, que desde o início da sua gestão tem tido um olhar especial para a agricultura familiar, tendo criado uma secretaria que trata exclusivamente deste segmento, atendendo a uma antiga reivindicação da categoria.

“É uma alegria estar aqui para anunciar benefícios que estão contribuindo para fortalecer a agricultura familiar, principalmente neste ano, em que o inverno vai ser bom. Eu lhes garanto que não será por falta de sementes que vocês vão deixar de plantar”, afirmou. Um dos objetivos do programa é o fortalecimento da agricultura familiar, por meio da compra direta e distribuição dos grãos aos agricultores, além do resgate da valorização das sementes crioulas, bastante utilizadas por comunidades tradicionais, como remanescentes indígenas e de quilombolas.

“Estamos recebendo uma semente boa, de tradição, que nos garante ter uma boa safra. As outras, que não são produzidas por nós, não são saudáveis, então a gente se envenena, envenena a terra e as pessoas”, disse a agricultura Ana Maria, que aprendeu com os pais e os avós a manejar o solo. Ela e sua família até pouco tempo tiravam todo o sustento da agricultura, com roçados de feijão, milho, gergelim, jerimum, batata doce, macaxeira e algodão mocó. Atualmente, a filha cursa engenharia agronômica na Ufersa com o propósito de continuar o legado da família.

O Programa Estadual de Sementes Crioulas é uma ação que garante a reposição de estoques de sementes, mantendo a tradição e a qualidade da produção, além de estimular a produção de alimentos saudáveis, combater a pobreza e promover a segurança alimentar e nutricional. “Sabem o que é isso? É a nossa história sendo recontada por vocês com auxílio do Governo. As sementes plantadas pelas mãos de vocês ganham vida, geram emprego, renda e saúde para nosso povo”, continuou Fátima.

Para dar suporte aos agricultores, a Sedraf realizou em julho um curso de formação voltado para a produção agroecológica de sementes crioulas, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodi.

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