O primeiro caso de Aids no mundo completou 40 anos no último sábado (05). A descoberta foi feita pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, em 1981. Desde então, a Aids se espalhou rapidamente, sendo considerada uma epidemia mundial no final da década de 1980 até hoje. Em alusão a esse marco histórico da saúde pública mundial, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), por meio do Programa Estadual de IST, AIDS e Hepatites Virais, reforça a importância das medidas de prevenção e da realização de testes rápidos para o HIV.
Doença sexualmente transmissível causada pelo vírus HIV, que afeta a imunidade do organismo, aumentando os riscos de infecções e câncer, a Aids também pode ser transmitida por meio da mãe para o bebê, durante a gestação, no parto ou na amamentação (transmissão vertical), do uso de drogas injetáveis, dos acidentes ocupacionais e das transfusões sanguíneas.
É importante diferenciar HIV e Aids. HIV é o vírus causador da infecção, já a Aids é a instalação da doença, quando o diagnóstico é tardio ou o paciente abandona o tratamento. Uma pessoa pode conviver anos com o HIV sem desenvolver a Aids.
A Aids ainda não tem cura, mas tem tratamento. “Por isso, é tão importante fazer o teste rápido, para o diagnóstico precoce, que permite o início do tratamento adequado e oportuno, contribuindo para uma melhor qualidade de vida do paciente”, explica a responsável técnica pelo Programa Estadual de IST, AIDS e Hepatites Virais da Sesap, Cinthia Teixeira.
Atenção Primária à Saúde
Nesse sentido, a Atenção Primária à Saúde tem um papel fundamental na ampla oferta do teste rápido para o HIV, cujo resultado é entregue em até 30 minutos. A Sesap recebe os testes rápidos do Ministério da Saúde e o distribui para todas as regionais de saúde, que repassam para os municípios, que os disponibilizam nas unidades de saúde. No RN, existem mais de 800 locais onde o usuário pode ter acesso ao exame.
Pacientes com resultado do teste reagente (positivos) são devidamente encaminhados aos Serviços de Atendimento Especializados (SAE’s), para tratamento e acompanhamento clínico por uma equipe de saúde multidisciplinar e especializada. Atualmente, existem 14 SAE’s distribuídos pelo estado. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferta, gratuitamente, o tratamento (medicamentos antirretrovirais), que é essencial para a melhoria da qualidade de vida das pessoas acometidas pelo vírus.
Uma das maiores dificuldades relativas à Aids reside no estigma em torno da doença. “É preciso combater o preconceito relacionado ao HIV/Aids que impõe barreiras de acesso aos serviços de saúde, à cidadania e às ações de cuidado integral à saúde”, destaca Cinthia Teixeira.
Prevenção
A melhor forma de combater o HIV é a prevenção, que é feita por meio do uso de preservativo durante as relações sexuais (sexo oral, anal e vaginal), assim como por meio da utilização de seringas e agulhas descartáveis, do acompanhamento e tratamento adequado no pré-natal, parto e puerpério de gestantes que convivem com HIV, além de outras estratégias da prevenção combinada.
O Programa Estadual de IST, AIDS e Hepatites Virais realiza ações educativas para incentivar a prevenção contra o HIV, realiza ações de Educação Permanente, visitas técnicas às maternidades, acompanhamento logístico das testagens, faz o monitoramento e avaliação de indicadores epidemiológicos, operacionais e logísticos, fornece o medicamento adequado para as puérperas que convivem com o HIV, além de distribuir preservativos masculinos e femininos e gel lubrificante às regionais, hospitais, Lacen, Hemonorte, na sede da Sesap e em outras instituições.
Além disso, um cuidado importante é a indicação de profilaxia pós exposição ao vírus para os acidentes ocupacionais, bem como para as demais vias de transmissão.
Para evitar a transmissão vertical, da mãe para o bebê, durante a amamentação, o Programa oferta para as maternidades a fórmula infantil (leite) para as crianças que nasceram de mães que convivem com HIV não serem amamentadas por elas, uma vez que nesses casos é contraindicada a amamentação.
Dados
O Programa Estadual de IST, AIDS e Hepatites Virais da Sesap elaborou um boletim em maio deste ano, apresentando uma análise epidemiológica sobre os casos confirmados de Aids e de Infecção pelo HIV no RN. Em 2020, foram notificados no estado 586 casos de Aids (taxa de detecção de 16,6 casos/100 mil habitantes), 03 casos em menores de 05 anos de idade (taxa de detecção de 1,3 casos/100 mil habitantes), 124 casos de gestantes com HIV (taxa de detecção de 2,9/mil nascidos vivos), 126 casos de crianças expostas, 1.113 casos de infecção pelo HIV e 124 óbitos por Aids (coeficiente de mortalidade de 3,5/100 mil habitantes).
Em comparação com o ano de 2019, observou-se uma redução de 7,8% na taxa de detecção de Aids, de 50% na taxa de detecção da doença em menores de 05 anos de idade e de 7,8% no coeficiente de mortalidade por Aids. Entretanto, verificou-se um aumento de 1,0% no número de casos de infecção pelo HIV, de 16% na detecção de gestante HIV e de 2,5% no número de casos de crianças expostas ao HIV.
De janeiro de 2010 a dezembro de 2020, foram registrados, no RN, 6230 casos de Aids. Desse total, 6120 casos (98,2%) em adultos e 110 (1,8%) em crianças. No período, observa-se um aumento de 32,5% no registro de casos de Aids no estado. A distribuição dos casos de Aids por região de saúde de residência mostra que a 7ª região apresentou 56,5% dos casos (Tabela 01). O Município de Natal concentrou 39,3% (2447) do total de casos registrados no estado.