Acredite quem quiser que os sucessivos pedidos de exoneração de integrantes da cúpula de segurança do Estado deve-se tão somente às justificativas óbvias que os ocupantes desses cargos costumam dar – “tratar de interesses pessoais”. O que se vê, desde o início da atual administração, é um “efeito Sonrisal”, que dissolve sucessivamente a gestão de segurança pública do Estado.
Os pedidos, quase simultâneos, de exoneração do secretário de Segurança, Caio Bezerra, e do delegado Geral da Polícia Civil do Rio Grande do Norte, José Cleiton Pinho de Sousa, remetem à conclusão de que há algo errado no ar, muito além das justificativas de praxe que são dadas por aqueles que pedem para sair.
Não é normal a situação de instabilidade e insatisfação camuflada que certamente reina na cúpula da segurança pública, apesar desta sempre se esforçar para mostrar o contrário, através da exibição de números mágicos.
Caio César é o terceiro gestor da pasta de segurança a deixar o cargo na atual gestão. No início do governo, em 2012, a delegada da polícia civil Kalina Leite assumiu a função, mas deixou o posto em 19 de abril de 2016, quando foi substituída por Ronaldo Lundgren.
Este é um recorde que, dificilmente, uma outra unidade da Federação conseguirá superar.
A pergunta é obvia: o que se passa nas entranhas da segurança pública que, de tão grave, serve de propulsor para ejetar gestores de suas cadeiras?
É fato que o governador Robinson Faria tem feito das tripas o coração para acertar os caminhos da segurança pública, uma área que, ironicamente, dizia ele ao se eleger, que o faria entrar para a história como o “Governador da Segurança”.
Até o momento, a profecia não vingou.
Cada exoneração de cabeças pensantes da segurança pública representa uma vitória do crime organizado.
Em sua página no Facebook, o juiz de Execução Penal, Henrique Baltazar, sinaliza que a crise na segurança pública do RN, que começa nos gabinetes e se projeta nas ruas, deve-se a falta de apoio do governo e excesso de discurso. “Difícil para qualquer um, já que necessita de apoio do governador, e esse pouco vai além do discurso”, sentenciou Baltazar ao responde a um internauta.
Apesar de seus críticos, o governador Robinson Faria tem mais uma chance de acertar, sem recorrer a soluções milagrosas ou ao fascínio de “Salvadores da Pátria”, que geralmente são apresentados à população como a “última Coca-cola do deserto”, que vão chegar e colocar a caótica segurança pública do Estado nos padrões suíços.
Aqui mesmo, no RN, tem talentos que podem exercer a gestão de Segurança Pública com comprometimento e conhecimento de causa.
O tempo de discurso acabou.
A hora agora é de ação.
Ou é isso, ou o juiz Henrique Baltazar acabará por ter razão – “o governador vai pouco além do discurso”.
E não é nisto que a população do RN quer acreditar.