É tema pacifico a necessidade da adoção de medidas que restrinja a circulação de pessoas nas ruas, assim como a normatização do funcionamento de bares e restaurantes e outros nichos de negócios, como forma de minimizar o avanço da pandemia da COVID-19.
O fato é que o decreto elaborado pelo governo do Estado, por mais bem intencionado que se proponha a ser, não pode desconsiderar que o desemprego gera a fome e que a fome mata.
No meio das divergências de teores de decretos editados pela Prefeitura do Natal e o governo do Estado, o que se observa é que a forma com que as forças de segurança do Estado estão atuando para cumprir o decreto estadual beira o autoritarismo, só visto nos tempos de chumbo, onde o argumento que valia era imposto pelos coturnos dos militares.
Excessos têm acontecido, como se vivêssemos em uma guerra, onde a população, o empresariado e a classe trabalhadora são os principais derrotados.
Natal marcha com celeridade para se tornar uma cidade de desempregados e de negócios ingressando na UTI empresarial.
O segmento de alimentos e bebidas, o chamado A&B, está cambaleando como quem leva um tiro certeiro no peito.
Estabelecimentos tradicionais como os restaurantes Camarões, o Curió, Nick Buffet, o Pittsbug do Nordestão, entre outros, já pararam de funcionar, mandando seus empregados para casa, onde vão ficar esperando a fome apertar a cada dia.
Até mesmo a conceituada churrascaria Fogo & Chama estuda encerrar o seu restaurante, cenário esse idêntico ao que enfrentam outros restaurantes filiados a ABRASEL.
Em breve, o reflexo do empobrecimento e do desemprego vai chegar – e já está chegando – aos canteiros da cidade, onde uma legião de pedintes a cada dia aumenta mais.
Até mesmo por ser médico, o prefeito Álvaro Dias sabe da necessidade de haver medidas restritivas, mas que não coloquem em “xeque” a geração de emprego e renda, pois a ausência de ambos – emprego e renda – gera a miséria, que é tão fatal ou mais cruel que o Coronavirus.
A governadora Fátima Bezerra, que ao longo de sua carreira política se notabilizou como defensora da classe trabalhadora e do emprego, hoje é chamada de “lacradora” e marcha para tornar-se a principal desafeta do empresariado e dos próprios trabalhadores.
Governadora e prefeito precisam se desarmar, até mesmo porque são mínimas as divergências dos decretos editados por uma e por outro.
A hora agora é de diálogo, mas para isso a governadora tem que pedir bom senso as suas forças de segurança, cuja forma de atuação tem imposto o terror, ao invés do respeito; o autoritarismo, em vez do apoio popular.
Fátima Bezerra, que se mostra corajosa em suas decisões, só não percebeu ainda que há forças ocultas que giram ao seu redor e que tentam – e têm conseguido – manipulá-la para transformar um problema de saúde pública em briga política com o prefeito de Natal.
É muito esforço de próceres governamentais para gerar uma energia negativa e investir numa queda de braço que nada contribui a favor do povo da capital do Rio Grande do Norte.
Quem está certo ou errado, será revelado em um futuro próximo, quando a grande massa popular for às urnas cobrar a fatura da fome, do desemprego e da miséria gerada por excessos egocêntricos.