Se alguém perguntar a algum membro da sociedade potiguar qual o real motivo da prisão do empresário Fred Queiroz pela Justiça Federal, ouvirá as mais diversas respostas, grande parte delas genéricas, do tipo – “roubou”, “tá mancomunado com Henrique”, “é laranja”.
As colocações simplórias, traduzem muito mais do que a desinformação dos interlocutores.
Elas, as colocações, sugerem que é carente – ou que pelo menos que não ficou cristalino e transparente para a opinião publica – a fundamentação dos motivos que levaram a prisão do empresário e secretário de Obras de Natal.
Continua, então, a pergunta no ar: em linguagem objetiva e direta, o que foi que Queiroz roubou ou orquestrou para terceiros roubarem?
A forma como o espetáculo foi encenado no circo da execração pública, deixa transparecer que o abominável crime de Fred Queiroz é ser amigo pessoal do ex-ministro Henrique Eduardo Alves.
Para o Ministério Público Federal, não bastava prender um ex-deputado federal, um ex-ministro, que já chegou até a ocupar interinamente a Presidência da República.
Os beneficiários dos famigerados auxílios “Paletó” e “Moradia” tinham que espetacularizar e solicitar a prisão preventiva de um montador de palcos, cujo “poder de influencia” para atrapalhar as investigações se limita a, eventualmente, conceder para amigos cortesias para shows e eventos culturais.
Não era suficiente para o MP solicitar a condução coercitiva do montador de palcos, com o objetivo de colher informações sobre se este teria ciência ou não das operações ilícitas que supostamente foram protagonizadas pelo ex-ministro.
O Ministério Público optou pelo caminho da arrogância e do arroubo, ao jogar na cova dos leões toda uma família, sem deixar nítido o teor do hediondo crime cometido.
É público e notório que a sociedade, cansada e desesperançada diante da injustiça social que se torna marca registra do País, está com os nervos à flor da pele.
Diariamente bombardeada com informações sobre roubalheiras, corrupção e crimes dos mais descarados, cometidos por pessoas que deveriam ser exemplo de correção e lisura, a sociedade busca revidar os seus agressores.
Por isso mesmo é necessário que as autoridades da área jurídica ajam com prudência, antes de jogar na lama a história da vida de pessoas.
O forte desencanto social leva hoje a opinião pública a condenar qualquer personagem, antes mesmo da ocorrência do julgamento dos fatos.
Caiu na rede é peixe.
Foi político, é podre.
Ser amigo de político é ser corrupto.
O generalismo desta forma exposto torna-se uma arma perigosa, e os entes jurídicos devem ter dupla responsabilidade para lidar com essa nova realidade.
Os papéis do MP e do Poder Judiciário são de extrema relevância para acabar com a corrupção e devolver o sentimento de dignidade ao povo brasileiro.
No entanto, deve-se ter cuidado para que uma instituição, como o Ministério Público, não se transforme em algoz da própria sociedade que um dia jurou defender.