Decola e pousa como um foguete, voa como um avião e é acionado por aplicativo como um Uber. Essas são as características da Aeronave de Defesa Social (AEDES), drone criado pelo Projeto Smart Metropolis, do Instituto Metrópole Digital (IMD), que tem previsão para entrar em atividade a partir do próximo ano, com o objetivo de aumentar a segurança do campus central da UFRN por meio de escoltamento aéreo e vigilância em tempo real.
Projeto que começou em 2017, o AEDES foi objeto de pedido de patente no final do ano passado, trazendo consigo uma missão simples, porém inovadora: sobrevoar, como em uma patrulha policial aérea, trajetos de pedestres no campus universitário, de maneira a inibir crimes e trazer mais segurança.
A ideia inicial surgiu durante a disciplina de “Projeto de Produto V”, do bacharelado de Design da UFRN. Na ocasião, os alunos, especialmente as mulheres, comentaram que se sentiam desprotegidos enquanto percorriam o campus universitário em determinados locais e horários, dado o risco de assaltos e outras abordagens criminosas. Essa inquietação serviu para a criação da primeira concepção da aeronave, o que marcou o início de anos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
“Com o tempo, o projeto foi ganhando outras proporções. Verificou-se que a UFRN demandava muito esforço para reforçar a segurança, chegando a dobrar o seu número de câmeras de vigilância. Mas todas essas iniciativas não trazem a ostensividade do AEDES”, conta o professor Dino Lincoln Santos, docente do Departamento de Design da UFRN e coordenador do projeto de pesquisa.
Usuários
Com uma versão prevista para começar a sobrevoar o campus oficialmente a partir do próximo ano, o AEDES traz uma operacionalização bastante similar àquela dos aplicativos de transporte urbano. Caso se sinta em perigo, o usuário – que deve ter acesso à plataforma Smart Campus, embutida no Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA) – pode solicitar, por smartphone, a cobertura do AEDES e acompanhar, em tempo real, o seu deslocamento até o local (tempo médio de 30 segundos).
Tudo isso é feito por meio de um aplicativo próprio disponível dentro da plataforma. Quando a aeronave chega até o local programado, uma câmera de target tracking (rastreamento do alvo) fixa sua lente em direção ao aparelho celular e segue o usuário – que pode estar sozinho ou em grupo.
Tanto suas funcionalidades como seu design original, assim como a união de características específicas de outros aeromodelos, fizeram do AEDES uma invenção totalmente inovadora. Enxergando isso, o Smart Metropolis 2.0, junto à Agência de Inovação da UFRN (AGIR), abriu um pedido de patente no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) em agosto de 2020, marcando o início de uma nova fase de criação tecnológica do projeto.
“O AEDES é muito importante para o Projeto Smart Metropolis, tendo sido nosso primeiro pedido de depósito de patente e se constituindo em uma solução completamente inovadora. Não existe, até onde sabemos, nada com as mesmas características no mercado. Trata-se de uma tecnologia com um grande potencial para ajudar a melhorar a segurança nas cidades”, afirma o professor do IMD Fred Lopes, coordenador do Smart Metropolis.
Segurança
Tudo no AEDES foi projetado para oferecer uma ampliação da segurança na área do campus da UFRN – o maior da região Norte e Nordeste –, reforçando recursos já existentes, como as câmeras de vigilância e as rondas terrestres. “A presença da aeronave, com seus sons característicos e luzes, inibe a ação de possíveis criminosos. O efeito é como o de uma viatura policial, mas cobrindo uma área muito maior”, comenta Santos.
Em respeito às delimitações da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o drone voa à altura média de 70 metros, acima dos postes e prédios, o que é o suficiente para que a aeronave seja percebida pelos pedestres e, ao mesmo tempo, não sofra riscos de ser atingida por criminosos. Além disso, é capaz de percorrer um raio de até 10 quilômetros.
Ainda sobre o quesito segurança, apesar de ter sido criado para ter a maior autonomia possível, o AEDES, conforme define a ANAC, ainda não pode ser plenamente autônomo. Ou seja, é preciso que o drone seja sempre monitorado por alguém vinculado ao serviço de segurança do campus universitário. Esse controlador humano ficará responsável por fazer a pilotagem manual da aeronave, observar as imagens captadas e fazer manutenções básicas, como trocas de bateria e outras operações.