O destino do prédio da Associação dos Subtenentes e Sargentos do Exército (Assen) foi parar na Justiça em razão de discordâncias entre os associados sobre a alienação da sede do clube, localizada no bairro do Tirol. José Amarildo Dias, ex-diretor da Assen, é o responsável por acionar o Judiciário. Ele alega que um grupo de associados está querendo trocar o clube por salas comerciais. Contrário à ideia, Amarildo diz que pediu à Justiça a suspensão de assembleias extraordinárias que têm como objetivo alterar o estatuto da Assen para permitir a venda do bem, estimado em algo em torno de R$ 10 milhões a R$ 12 milhões.
As assembleias têm sido convocadas pelo Conselho Deliberativo da Associação. A próxima está marcada para este sábado (20). A reportagem fez contato com Pedro Bernardino, presidente do Conselho, mas ele preferiu não comentar o assunto. Pediu que fosse procurado o presidente da diretoria executiva da Assen, Assis Melo. Em uma tentativa por mensagem, ele disse não ser possível atender à reportagem naquele momento, porque estava “aguardando uma audiência” e não retornou mais aos contatos até o fechamento desta edição.
O ex-diretor do clube, José Amarildo Dias, disse à reportagem que o destino da Assen está em discussão há, pelo menos, 12 anos. “Tentamos, por duas vez, uma permuta do terreno para a gente mudar o clube para outro local. Em uma dessas vezes, conseguimos fazer um contrato com uma construtora para a permuta, mas fomos surpreendidos com o tombamento da Assen e a empresa desistiu do negócio”, relata.
“Logo depois, a gente elegeu algumas diretorias e agora um pequeno grupo resolveu trocar a Associação por um monte de salas que não servem para nada. Este é o único patrimônio da Assen, mas estão querendo acabar com ele. Então, entrei na justiça contra isso”, completa Amarildo. Segundo ele, há outras propostas para o clube.
“Essas propostas incluem nos dar um clube igual a Assen em outro local e também possibilitar alguma forma de sustentar a associação sem dependência do dinheiro dos sócios, como fez a AABB [Associação Atlética Banco do Brasil AABB], por exemplo”, explicou.
Amarildo afirmou que a Assen já foi notificada da ação judicial. “Entrei na Justiça para salvaguardar o prédio [da Assen]. Agora estamos esperando a decisão do juiz. Estão tentando fazer assembleias sem quórum, com meia dúzia de sócios, para aprovar tudo a toque de caixa. Nós vamos ter uma eleição no início de agosto para novas diretorias e esse grupo que está saindo quer negociar o prédio antes do pleito”, frisa o ex-diretor da Assen.
A Assen foi construída em 1963 pelo arquiteto Raimundo Costa Gomes. O clube icônico foi palco de eventos políticos e culturais da capital potiguar a partir de então. Nos últimos anos, no entanto, a estrutura tem virando notícia apenas quando o assunto é a deterioração, seguida por problemas como a situação de água parada e sem tratamento nas piscinas, que levanta preocupações por causa de problemas como a proliferação de doenças transmitida pelo Aedes aegypti.
Tribuna do Norte