O diretor do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Lais/UFRN), Ricardo Valentim, participou nesta terça-feira (14) do programa RN No Ar, da TV Tropical. Em entrevista com a apresentadora Mara Godeiro, ele falou sobre o atual cenário da covid-19 no Rio Grande do Norte e projetou o que deve acontecer no próximo mês.
Segundo a análise de Valentim, o estado não vive uma quarta onda de casos da doença. Para ele, o aumento dos casos tem uma parcela inserida no atraso do esquema vacinal por parte da população. O pesquisador ainda pontuou que a situação deve continuar sendo monitorada de perto pelas autoridades sanitárias do estado e dos municípios.
“Estamos num contexto totalmente diferente do que já vimos, por exemplo, antes da imunização. Nem na ômicron, nós tivemos o mesmo número de internações e mortes de antes da vacinação. Hoje, o RN não está em situação crítica. Mas isso não quer dizer que a população e as autoridades sanitárias devem relaxar. A população precisa se vacinar e as autoridades precisam monitorar diariamente”, alertou.
De acordo com Valentim, os principais grupos que estão pegando covid-19 são os adultos de 18 a 50 anos e as crianças, ambos com falhas no esquema vacinal. Além disso, ele destacou que esses grupos são formados por pessoas que são economicamente ativa, que frequentam transportes públicos, no caso dos adultos, e estão nas escolas em contato com outras pessoas, como no caso das crianças.
“Essa população que está adoecendo é quem não tomou a vacina. Esse público está com a vacinação atrasada. Eles precisam se imunizar. As autoridades precisam focar nisso aí. Somando a isso, nós temos outras síndromes gripais circulando e também as arboviroses”, comentou.
Atualmente, o Rio Grande do Norte tem pouco mais de 50 leitos críticos para tratamento da doença. De acordo com Ricardo Valentim, os leitos deveriam ser destinados para doenças em geral.
“O cenário é muito diferente. No entendimento do Lais, hoje, todos esses leitos deveriam estar disponíveis para leitos gerais. Assim, toda a população teria acesso a mais leitos. A quantidade de pedidos de internação [por covid-19] é ainda muito baixa”, ponderou.
Para os próximos dias, o cenário projetado pelo pesquisador é de redução no número de casos diários. “Daqui a 20 dias ou no máximo 35 dias, nós vamos ver esse número de casos decaindo. Com base em quê? No cenário que está acontecendo internacionalmente. O que precisamos é que a população tenha a consciência da questão da imunização”, completou.