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Dilma lê carta aos brasileiros e defende plebiscito para novas eleições e reforma política

DILMA LÊ CARTA AOS BRASILEIROS E DEFENDE PLEBISCITO PARA NOVAS ELEIÇÕES E REFORMA POLÍTICA

Em um pronunciamento de 13 minutos, no qual leu a íntegra da carta que enviará aos senadores, a presidente afastada Dilma Rousseff disse que mantém a esperança de voltar à Presidência, reafirmou que é inocente e defendeu um plebiscito para a convocação de novas eleições e de uma reforma política. Mais uma vez, Dilma afirmou que um eventual impeachment de seu mandato seria um golpe. A petista, que falou no Palácio da Alvorada acompanhada de cinco ex-ministros, disse que nesse período enquanto lutava contra sua deposição ouviu críticas à sua gestão, bem como elogios, os quais escutou com “humildade”. Para a presidente afastada, num regime presidencialista não se pode derrubar o chefe de Estado pelo “conjunto da obra”.

Não é legitimo afastar o presidente pelo conjunto da obra, quem pode fazer isso é só o povo brasileiro. Por isso, se consumado o impeachment, teríamos um golpe de Estado. Seria um inequívoco golpe, seguido de eleição indireta – disse Dilma em sua carta.

Para ela, caso os senadores aprovem seu impedimento, o voto do conjunto dos eleitores brasileiros, 110 milhões de pessoas, seria substituído por um “colégio eleitoral de 81 senadores”.

Tentando aparentar animação, Dilma entrou na Sala dos Estados, no Alvorada, tendo os ex-ministros Miguel Rossetto, Aloizio Mercadante e Ricardo Berzoini, do seu lado direito, e Eleonora Menicucci e Jaques Wagner, à sua esquerda. Embora não tenha dado a chance de repórteres fazerem perguntas, antes de dar início à leitura da carta, ela lamentou a derrota do time brasileiro feminino de futebol, que acabara de perder nos pênaltis para a Suécia.

– Infelizmente nós perdemos agora nos pênaltis – disse.

APELO AOS SENADORES

Dilma encerrou a carta, intitulada “Mensagem ao Senado e ao Povo Brasileiro”, fazendo um apelo aos seus julgadores, que no próximo dia 25 iniciarão a votação do processo de impeachment.

– O que peço aos senadores e senadoras é que não se faça a injustiça de me condenar por um crime que não cometi. Não existe injustiça mais devastadora do que condenar um inocente – afirmou.

Dilma também voltou a mencionar indiretamente o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável por abrir o processo de impeachment na Casa. Ela disse, em sua defesa, não ter contas secretas no exterior e afirmou que o processo é “frágil e inconsistente”.

– Não tenho contas secretas no exterior, nunca desviei um centavo do patrimônio público e não recebi propina de ninguém. Esse processo de impeachment é frágil, juridicamente inconsistente, injusto e desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente – defendeu-se.

A petista estava trabalhando no texto desde a semana passada. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já disse não achar “tão essencial” a carta que será divulgada por Dilma. A posição do ex-presidente vai de encontro ao que disse, há uma semana, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, quando afirmou que a proposta de plebiscito seria “inviável”, o que gerou mal estar entre petistas.

Na manhã desta terça-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros, criticou a ideia de realização do plebiscito.

– Na democracia, a melhor saída sempre é a saída constitucional, e plebiscito e novas eleições não estão previstos na Constituição. Então, isso não é bom – disse Renan.

O julgamento final do impeachment será dia 25 de agosto, às 9h. A previsão no Senado é que dure de três a quatro dias. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandwski, avisou aos senadores que quer impor o mesmo calendário de trabalho do STF, ou seja, sem entrar pelas madrugadas. Ele também não quer trabalhar nos finais de semana. Mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defende que o julgamento não seja interrompido.

O Globo

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