A Juíza Hadja Rayanne Holanda de Alencar mostrou que é uma magistrada destemida e corajosa, ao liberar em Natal a realização de eventos eleitorais, como caminhadas, carreatas, passeatas e comícios – manifestações que haviam sido proibidas por decreto assinado pelo prefeito Álvaro Dias, como forma de prevenção com relação a ampliação de casos de contaminação pelo novo Coronavírus. Com a sua decisão, Hadja Rayanne terminou por chamar para si a responsabilidade sobre um eventual aumento de casos de Covid-19 ao longo do período eleitoral.
Embora possa recorrer da decisão da magistrada – e até deverá fazê-lo, já que o foco da sua gestão nos últimos meses foi justamente o combate frontal ao Coronavírus, o prefeito Álvaro Dias foi o principal beneficiado pela sentença da juíza, já que, entre todos os candidatos, é o que possui uma estrutura de campanha mais azeitada e com capacidade de fazer expressivas mobilizações eleitorais.
Poucos sabem, mas Dias foi aconselhado por assessores próximos a não editar o tal decreto que impedia caminhadas, carreatas, passeatas e comícios, pois, na avaliação de seus conselheiros, ele seria o principal prejudicado e se “auto-engessaria”, privando-se do corpo-a-corpo maciço com os eleitores.
Entre acatar a orientação de assessores e não ser no futuro apontado como o “irresponsável” que colocou seus ganhos políticos acima da saúde pública, o prefeito optou por editar o decreto.
Álvaro Dias era para comemorar a decisão da juíza Hadja Rayanne Holanda de Alencar, que, mesmo plenamente amparada pela Constituição Federal, termina por beneficiá-lo involuntariamente.
Quanto ao inexpressivo partido PSOL, um dos autores da representação eleitoral contra a proibição da realização de caminhadas, carreatas, passeatas e comícios, este também deu uma expressiva contribuição para a campanha da coligação “Avança Natal”, liderada por Álvaro Dias.
O PSOL, o PSB e o Solidariedade, estes dois últimos coadjuvantes da representação, soltaram nas ruas de Natal máquinas de fazer votos, representadas pelo amplo leque de alianças que respalda a reeleição do atual prefeito.
O PSOL poderia ter “ficado na dele”.
Recolhido à própria insignificância.
