Em artigo publicado no BLOG DO BG, Marcos Aragão defende o corte e a relocação das árvores que atrapalham o trânsito na Avenida Jaguarari. Ele faz uma analogia com o cajueiro da Praia de Pirangi. “Lembro quando pedi que aparassem o maior cajueiro do mundo, no artigo de 2021, pois estávamos reféns desta enorme planta e de outros vegetais que militam na política”, disse, lembrando a irritação e o estresse que a planta gigante causa a qyem transita pelo local.
Aragão destaca ainda que “as árvores que atrapalham o trânsito são farpas nos dedos da cidade”.
E sua análise não acaba por aí: criticou fortemente a “ação eleitoreira” do vereador Roberto Paulino que se acorrentou em uma das árvores da Jaguarari, como forma de protesto.
“Meu espanto foi zero quando assisti ao político local se acorrentar à árvore que impedia o trânsito na avenida Jaguarari. Essa foi uma cena plantada para colher frutos eleitoreiros. A princípio, acredito que não deveríamos desacorrentar o sujeito, pois ele ainda está verde — devemos esperar amadurecer”, disse.
Leia abaixo o artigo na íntegra:
Lembro quando pedi que aparassem o maior cajueiro do mundo, no artigo de 2021, pois estávamos reféns desta enorme planta e de outros vegetais que militam na política.
A irritação e o estresse são gerais quando anualmente passamos por Pirangi e vemos nosso cajueiro invadindo a passagem cada vez mais estreita da rua. Em janeiro, temos que enfrentar quilômetros de filas, pois ninguém tem coragem de aparar alguns galhos que avançam sobre a rua. Sabe por quê? Porque no outro dia, algum político vai chamar as crianças do colégio para abraçarem o cajueiro e fazer um desenho ao lado da árvore. No final, close na lágrima da criança com a emoção manipulada — tudo devidamente filmado e disponibilizado nas TVs e redes sociais.
Meu espanto foi zero quando assisti ao político local se acorrentar à árvore que impedia o trânsito na avenida Jaguarari. Essa foi uma cena plantada para colher frutos eleitoreiros. A princípio, acredito que não deveríamos desacorrentar o sujeito, pois ele ainda está verde — devemos esperar amadurecer. Ora, veja bem, querer ficar à sombra de uma narrativa estapafúrdia dessas só é imaginável numa terra onde a educação não floresce — O Rio Grande do Norte apresenta o 3º pior IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do Brasil. Estamos em 2023 e ainda continuamos acorrentados na Idade Média, esperando o renascimento. O Iluminismo defende a razão, o progresso, a ciência e o humanismo. Por todas essas razões, devemos cortar as árvores localizadas nas vias de grande fluxo. Veja por quê.
Para iluminar as ideias, é aconselhável sempre analisar os prós e contras para poder decidir. Ou seja, usar a razão e a ciência para permitir o progresso que beneficiará o homem. É lógico que existem diversas interferências que podemos fazer no trânsito, mas não é por isso que vamos podar as mais simples e econômicas. Se cortarmos, ou melhor, realocarmos todas as árvores que atrapalham o trânsito, vamos ganhar em qualidade de vida. São menos horas no trânsito e mais tempo com a família. É mais resultado no trabalho e menos estresse. É mais economia de combustível, câmbio, embreagem e pastilhas de freio. Como se calcula o prejuízo que os engarrafamentos provocam?
— As árvores que atrapalham o trânsito são farpas nos dedos da cidade.
Liberar mais espaço para o fluxo de carros diminui, obviamente, os congestionamentos. É uma ideia que tem raízes profundas no bom senso. Vivi para encontrar uma questão em que a direita e a esquerda concordam, pois beneficia toda a cidade, independentemente do sexo, idade, religião ou classe social. Afinal, além dos benefícios citados no parágrafo anterior, todas as árvores podem ser replantadas em um local mais apropriado, aliás, plantemos o triplo de árvores para a vantagem ser incomparável. Realmente, só não concorda quem quer colher frutos na próxima eleição às custas da ignorância da população.
A cidade de Nova York tem um programa de replantio de árvores chamado “MillionTreesNYC” (Milhão de Árvores NYC), lançado em 2007. O objetivo do programa é plantar um milhão de árvores em toda a cidade, incluindo o replantio de árvores removidas devido a obras de infraestrutura viária.
No Brasil, temos inúmeros casos, como por exemplo, em São Paulo, foram adotadas medidas para replantar árvores. O Programa de Recuperação Ambiental e Arborização Urbana da cidade inclui a realocação de árvores que seriam removidas devido à construção de corredores de ônibus. Essas árvores são transplantadas para outras áreas da cidade.
Por que não lançamos uma campanha “Muda, Natal”? Onde estimularíamos mudanças em nossas vias, garantiríamos o replantio de árvores e o plantio de milhares de mudas.
Detesto fazer o raciocínio a seguir, mas sou obrigado — Cadê os políticos se acorrentando aos mendigos que não têm lar? As crianças doentes nos hospitais não merecem ser regadas com solidariedade? As praias que recebem toneladas de excrementos pelas “bocas de lobo” são esquecidas? Por que somente as árvores?
Antes de terminar, quero que pense em uma criança da sua família. Pronto, agora considere que ela precisa de atendimento de urgência — onde cada minuto faz a diferença — e isso não fosse possível devido aos engarrafamentos, simplesmente porque não quiseram tirar algumas árvores do caminho.
Não adianta reclamar do trânsito, se você não move um dedo pela sua cidade. Estou convicto de que não conseguimos mais qualidade e desenvolvimento porque vivemos em uma região onde pessoas obscurantistas, mesmo acorrentadas, fazem valer mais sua voz do que você, homem livre e racional — que nada faz.
Marcus Aragão
@aragao01